Desigualdade da água reflete falta de um projeto de desenvolvimento popular

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A distribuição da água no Brasil é desigual, apesar de abundante. Essa foi a conclusão de um relatório recente da Agência Nacional das Águas, lançado neste mês de junho. Nos dados constam que o país detém 12% da água disponível no mundo. E também que há uma desigualdade geográfica, com 80% da disponibilidade hídrica concentrada na região amazônica.

Porém, segundo a coordenadora da Articulação do Semi-Árido Brasileiro (ASA), Cristina Nascimento, esses números não refletem a principal desigualdade relacionada à água, que para ela é o acesso a esse recurso.

“Na Amazônia tem mais água e no semiárido tem menos água, isso pra nós é até óbvio. Mas como é que a água que se tem é partilhada no conjunto da população? Ao passo que eu não tenho tanta água no semiárido, se tem grandes reservatórios que a população rural, por exemplo, não tem acesso a essa água.”

Outro dado da Agência diz que 54% da retirada de água é para atividades agrícolas em cultivos irrigados. Para Cristina, a lógica de desenvolvimento do agronegócio acentua a desigualdade de acesso aos recursos hídricos.

“O agronegócio é um tipo de produção que demanda uma quantidade muito grande de água. Com produção em grande escala de grãos – da soja e do milho –, a fruticultura irrigada para exportação. Mas os agricultores familiares que têm suas pequenas áreas, que poderiam utilizar uma pequena quantidade de água para produzir alimentos, essas famílias não têm muito acesso. Nós precisamos discutir que projeto de desenvolvimento nós queremos para o país.”

Para a Cúpula dos Povos, na Rio +20, a ASA irá construir duas cisternas para captação e aproveitamento de água no Complexo do Alemão, o maior conjunto de favelas do Rio de Janeiro.

De São Paulo, da Radioagência NP, Vivian Fernandes.

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