1 Milhão de Cisternas: 15 mil protestam contra fim de contrato com ASA
Cerca de 15 mil de agricultores de todos os estados do Semiárido, integrantes das organizações sociais e representantes do poder público do Nordeste se reuniram nesta terça-feira (20) na Concha Acústica, em Petrolina, num grande ato público pela continuidade das ações da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA); entre elas, o Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC).
Cerca de 2 milhões de pessoas já haviam sido beneficiadas no Nordeste e construídas mais de 400 mil cisternas. Em entrevista ao programa Nossa Voz (Grande Rio FM) na manhã de hoje, o representante da ASA, Geovani Xenofonte, alegou que não houve justificativa para a quebra de contrato com a entidade.
“Até então estava tudo negociado e na última reunião, fomos informados pelo Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) que o contrato não seria renovado, colocando em risco todo o processo de construção de cisternas, mobilização social e luta pela água no semiárido. As famílias agricultoras precisam tomar as rédeas de seu destino. Nesses 8 anos de ação da ASA, elas conseguiram entender o clima semiárido e conseguiram desenvolver estratégias de convivência com esse clima – num processo de educação constante e continuada. Além da cisterna, elas entendem a região onde vivem”, destacou Xenofonte.
Para Neidson Batista, coordenador da ASA, a ação superou as expectativas. “O nosso recado foi dado à presidenta Dilma e à Ministra Tereza Campelo, que somos cidadãos e temos direito de renovar com a parceria com o MDS para continuarmos esse trabalho de libertação tão bonito feito no semiárido brasileiro. Nós já vivemos muito tempo recebendo pacotes, como se fôssemos incapazes, mas hoje mostramos que somos capazes. E nós não vamos parar enquanto não tivermos uma resposta que atenda a nossos anseios e direitos”.
Outro problema é a troca das cisternas de placas por unidades de plástico. Segundo dados da assessoria de imprensa, o Ministério da Integração Nacional informou que serão investidos R$ 1,5 bilhão na instalação de 300 mil cisternas de plástico. O valor corresponde a mais que o dobro do que a ASA gastou para construir 371 mil cisternas de placas no Semiárido. Isto porque o custo unitário das cisternas plásticas é 58% mais alto do que a cisterna de placa feita com a metodologia da ASA.
“Isso é uma depredação do dinheiro público. A cisterna de plástico dá lucro apenas para uma empresa, a de placas emprega os pedreiros, movimenta comércio, região, trazendo desenvolvimento real para a nossa região”, adicionou Batista.
Um dos integrantes do movimento foi o bispo emérito de Petrolina, Dom Paulo Cardoso. “Trata-se de uma bandeira muito forte e clara também da Pastoral Social da Diocese de Petrolina. A gente realizou várias semanas da água, sempre com esse objetivo: água é um direito de todos e um dever do Estado. Então essa mobilização é importante, mais um passo, porque é inaceitável que tendo um manancial tão grande como o Rio São Francisco, tenhamos tantas carências. A luta é fundamental, porque é pela vida”, enfatizou.