Programa da ASA é citado na abertura do VII Congresso Brasileiro de Agroecologia

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VII Congresso Nacional de Agroecologia é realizado até o dia 16, em Fortaleza (CE) | Foto: Rosa Nascimento

“Se o fim da parceria do MDS com a ASA se confirmar, estaremos diante de um retrocesso e falta de respeito com o povo do Semiárido Brasileiro”. O questionamento feito pelo presidente da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), Francisco Roberto Caporal, na abertura do VII Congresso Nacional de Agroecologia (12), em Fortaleza (CE) arrancou aplausos e gritos dos/as congrecistas.

O Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC), da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA), foi um dos pontos menciados que preocupam quanto ao desenvolvimento social, enfrentados atualmente, de acordo com o presidente da ABA.

O primeiro ponto explorado por Caporal foi a problemática dos agrotóxicos. “O Brasil conseguiu se consolidar nos últimos anos como campeão mundial no uso de agrotóxicos. Mais de um milhão de toneladas de veneno, que alimenta a ganância de poucos grupos, ao passo que nosso ar, nossa saúde, nossas águas e nosso meio ambiente são afetados”, lamentou.

O novo Código Florestal também também foi um dos pontos lamentados. Caporal lembrou que a maioria no congresso, tanto deputados como senadores, se dobraram ao poder do agronegócio, em nome do modelo de destruição ambiental. “Nem o governo encontrou motivação para defender esse quadro”, disse. “Nossa esperança é que no desfecho não seja mais uma decisão contra a futura geração, porque será o momento da presidenta mostrar o amor pelos seus netos e netos dos brasileiros, ao aprovar ou vetar o projeto aprovado pelo congresso”.

“Este ano foi também doloroso na questão da ética na ciência, quando assistimos estarrecidos à liberação do feijão transgênico pela Embrapa. Não foram respeitados os princípios da precaução, ainda que houvesse carência de conhecimento e suas consequências à saúde e o meio ambiente”.

De acordo com o presidente da ABA, este ano foi de tremendos retrocessos na reforma agrária, na Política Nacional de Asistêcia Técnica e Extenção Rural e nas ações que apoiam a transição da agroecologia no Brasil. “Nem mesmo o Programa 1 Milhão de Cisternas, executado pela ASA e conhecido pela sua eficiência na convivência com a seca, ficou de fora. Se isso for confirmado estaremos diante de uma decisão absurdamente consequente para o povo do Semiárido brasileiro”, reforçou Caporal.

Para o presidente da ABA, o ideal de sustentabilidade não se enquandra com a ideal do lucro, que vem se reproduzindo na política e nas práticas sustentadas pelo governo.
No entanto, Caporal é acredita na força e no poder de articulação. “Nós temos no Brasil o maior número de experiências concretas em agroecologia, que são referências, mostrando que outros modelos de desenvolvimento rural são perfeitamente possíveis na busca da sustentabilidade ambiental”, justifica.

O VII Congresso Brasileiro de Agroecologia deste ano tem como tema, Ética na Ciência: Agroecologia como paradigma para o desenvolvimento rural, e está sendo realizado até o dia 16, no Centro de Convenções, em Fortaleza (CE).

 

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