ASA-PE afirma conquistas e perspectivas e se posiciona contra as cisternas de PVC
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Representantes da ASA-PE avaliaram as ações deste ano e debateram as perspectivas para 2012 | Foto: Catarina de Angola |
Entre os dias 01 e 02 de dezembro foi realizado o Encontro Estadual da Articulação no Semi-Árido Pernambucano (ASA-PE) 2011 em Petrolândia, sertão do estado. Na tarde do segundo dia (2), o coordenador da ONG Chapada, Edésio Medeiros, foi convidado a falar sobre o contexto dos programas da ASA: 1 Milhão de Cisternas (P1MC) e Uma Terra e Duas Águas (P1+2). Edésio contemplou as conquistas, os novos desafios e ameaças e reafirmou a atuação da rede para o desenvolvimento sustentável do semiárido pernambucano e brasileiro.
“A realidade no Semiárido vem mudando com as ações da ASA e de outros movimentos sociais”, disse Edésio. Segundo o coordenador, através do P1MC e do P1+2, a articulação trouxe em 11 anos de existência quase 55 mil tecnologias para as famílias agricultoras do estado, o que corresponde ao mesmo número de famílias beneficiadas, contribuindo com a melhoria da qualidade de vida de cerca de 220 mil pessoas no interior de Pernambuco.
Cisternas-calçadão, tanques de pedra, barragens subterrâneas e bombas d´água populares formam a gama de implementações de captação da água de chuva trabalhadas pela ASA. No entanto, suas ações possuem uma amplitude maior, o que beneficia o campo econômico, o social e o ambiental. Capacitação de pedreiros, instruções e formação sobre o manejo da água e do solo e intercâmbios municipais e estaduais contribuem para o trabalho da articulação e para as famílias agricultoras.
Edésio ainda colocou em pauta as projeções para o futuro. Além das tecnologias atualmente desenvolvidas, que beneficiarão em torno de 7810 trabalhadores e trabalhadoras rurais em 2012, entrarão no plano de trabalho para o próximo ano da ASA as cisternas de enxurradas, os barreiros trincheiras e as “barraginhas”, que chegarão para cerca de 1500 famílias em todo o Semiárido. Outra experiência para o ano seguinte é a criação de viveiros de mudas, contribuindo para o meio ambiente e para a produção agrícola.
No entanto, em meio a todos esses avanços, Edésio lembrou as ameaças que circundam o processo construtivo. “Existe uma força de se tentar voltar com projetos semelhantes aos desenvolvidos na indústria da seca”, comentou o coordenador ao se referir, principalmente, às cisternas de plástico/PVC, que estão nos planos do governo federal. “É preciso combater as cisternas de PVC e tudo o que vem por trás delas”, comenta. Esses reservatórios configuram-se em uma política assistencialista que não cabe no contexto do Semiárido. Ela exclui os processos de formação e exalta interesses políticos, além de causar danos ao meio ambiente.
A política das cisternas de plástico significa um retrocesso para a autonomia dos agricultores e das agricultoras. Ela acaba com os conselhos municipais, as cooperativas e as associações, por não precisar de um trabalho conjunto e participativo, excluindo ainda a formação de pedreiros, importante meio para a renda de muitas famílias. Além disso, por ter uma capacidade de armazenamento de água menor, a produção agrícola diminui e os agricultores e agricultoras beneficiados recebem o equipamento sem participar de uma capacitação, o que exclui o incentivo a uma produção agroecológica.
Nesse cenário, Edésio relembra a força e a importância da Articulação para o Semiárido e enfatiza a urgência da sociedade civil barrar a ameaça que vem surgindo. É necessário fortalecer e valorizar o trabalho das famílias, as economias locais, os grupos e se impor diante desse retrocesso para a realidade dos povos da região, garantindo a autonomia e a continuidade dos processos agroecológicos com dignidade no campo.
Ato público contra as cisternas de PVC
Durante o Encontro Estadual da Articulação no Semi-Árido Pernambucano (ASA-PE) 2011, as cisternas de PVC sempre estiveram presentes no cerne dos debates. Esse foco acalentou a urgência de uma mobilização que chamasse a atenção dos poderes públicos locais e nacional para esse assunto, que representa uma ameaça para a continuidade da construção sustentável de um novo Semiárido. Os coordenadores, técnicos e comunicadoras das organizações que compõem a ASA-PE, juntamente com os agricultores e as agricultoras presentes, aprovaram a realização de um ato público que acontecerá no dia 25 de janeiro, na cidade de Petrolina. Espera-se uma grande mobilização, vinda também de outros estados, e o apoio das comissões municipais, fornecedores, movimentos sociais, parceiros, sociedade civil, associações e todo o público que busca a autonomia para o desenvolvimento do Semiárido.