Agricultora atesta valor da cisterna de placa na sua vida e não confia na de plástico

A chegada das cisternas no Semiárido mudou a forma de pensar e viver de muita gente na região. Em 11 anos de atuação, a Articulação no Semi-Árido (ASA) foi responsável pela construção de 500 mil cisternas de 16 mil litros. Isso representa oito bilhões de litros de água partilhados, que poderiam se perder por evaporação ou ficar concentrados em grandes obras hídricas que beneficiam apenas os latifundiários.
As cisternas são feitas em placas de concreto, material que garante durabilidade à tecnologia e não altera as propriedades da água. Em muitos lugares do Semiárido é comum encontrar cisternas construídas nos primeiros anos da ASA que estão bem conservadas e garantem água de qualidade para as famílias.
No início, algumas famílias não acreditaram nas intenções do projeto. Afinal, foram anos sendo enganadas por promessa de políticos. Mas o Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) não tem interesse eleitoreiro por trás. Ele é uma ação construída nas bases, a partir da experiência acumulada de centenas de organizações da sociedade civil que atuam pelo desenvolvimento sustentável do Semiárido.
“A falta de água só sabe [o que é] quem já passou por ela. Muitas vezes eu tinha que escolher entre tomar banho, beber e cozinhar. Eu aproveitava a água já utilizada e lavava os pés antes de dormir”, lembra dona Edite, 63 anos, da comunidade Boa Vista de baixo, em Tacaimbó-PE.
A agricultora tentou mudar de vida indo trabalhar em Petrolina e São Paulo, mas não deu certo. De volta para Tacaimbó, ela teve conhecimento do P1MC através de uma cooperativa. “Ganhei a cisterna de 16 mil litros de água. Depois a ASA me deu a cisterna [calçadão] de 52 mil litros. Tudo mudou na minha vida. Tenho cinco filhos e 14 netos, todos eles se beneficiam da minha água”, destaca dona Edite, que participou de um evento da ASA realizado de segunda (5) até hoje (7), em Pernambuco.
Veja vídeo com depoimento da agricultora falando sobre as cisternas
Na comunidade de dona Edite muitas famílias ainda não têm acesso à água. O sonho da agricultura é que seus vizinhos também sejam contemplados com cisternas iguais as suas. Já o modelo de plástico, que o governo pretende adotar, gerou desconfiança de Dona Edite, que sabe que a cisterna de PVC não tem a mesma resistência.