Jornada de lutas dos trabalhadores rurais já sinaliza conquistas
Os movimentos sociais que lutam pela Reforma Agrária, em Jornada Nacional de Lutas desde o início da semana, forma recebidos nesta quarta-feira (24/08) pela diretoria adjunta da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), em Paulo Afonso (BA), onde foi negociadas medidas de desenvolvimento local para o semi-árido. Em Maceió (AL), audiências com a Superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e com o Governo do Estado encaminharam a resolução das pautas apresentadas.
Os representantes dos órgãos nacionais que sentaram à mesa com os movimentos do campo (Incra e Chesf) se comprometeram a encaminhar a pauta da Jornada Nacional de Lutas da Via Campesina para resolução no âmbito do Governo Federal. Entre os pontos estão a renegociação e anistia de dívidas dos agricultores, o assentamento de 60 mil famílias ainda este ano e a valorização da educação do campo com financiamento garantido.
No segundo dia de ocupação do Complexo de Paulo Afonso por mil famílias de trabalhadores do campo, a diretoria adjunta da Chesf foi ao encontro do movimento para negociação. Na reunião, medidas de fomento à agricultura familiar e agroecológica e de convívio com o Semi-Árido e acesso à comunicação digital foram asseguradas pela Companhia, a partir da construção de cisternas, estruturação de quintais produtivos e instalação de telecentros em áreas de assentamento da região.
Em paralelo, os movimentos sociais presentes na mobilização na Capital alagoana também foram ouvidos pelo Governo do Estado de Alagoas. Em reunião coordenada pelo Secretário do Estado de Articulação Social, Claudionor Araújo, e com a presença do Diretor do Departamento de Estradas e Rodagens, Marcos Vital, do Secretário de Estado de Agricultura, Jorge Dantas e outras representações governamentais, foi encaminhadas demandas estruturais para a Reforma Agrária.
Um dos pontos recorrentes em negociações, a destinação das terras do falido banco estadual Produban para fins de Reforma Agrária, depende agora de encaminhamentos técnicos do Incra para finalmente tornar-se realidade. Ainda, foram encaminhados a construção de estradas e o desenvolvimento de um programa de fomento à produção, a ser submetido ao Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Fecoep).
Mais cedo, os movimentos também haviam sido recebidos por Lenilda Lima, Superintendente do Incra em Alagoas, para reforçar as demandas nacionais e reivindicar celeridade na política de Reforma Agrária em nível local, o que tange a crédito e estruturação das áreas de assentamento, além da obtenção de terras. A partir do compromisso positivo da Superintendente, nesta quinta-feira aconteceram reuniões com setores de crédito, topografia e outros do Instituto.
Apesar das negociações das pautas em nível local, este contingente de dois mil agricultores permanece em vigília, na espera das respostas à pautas nacionais, prometidas pela Presidenta Dilma para esta sexta-feira (25/08). Dezessete estados foram mobilizados nesta Jornada e mais de cinco mil Sem Terra acampam em Brasília na Esplanada dos Ministérios, inclusive uma delegação de cem alagoanos.
Eles negociam com Ministérios, Congresso e Presidência da República o assentamento de cem mil famílias por ano a partir de 2012, reestruturação do orçamento do Incra e políticas de desenvolvimento para áreas de Reforma Agrária em todo país, como agroindustrialização e acesso à escolarização.