Comunidades tradicionais do Semiárido apresentam experiências em oficina temática

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Durante a programação do segundo dia (11) do I Encontro de Acesso à Terra no Semiárido, os participantes do evento dividiram-se para assistir às seguintes oficinas temáticas: Comunidades Tradicionais, Ameaçados pelos Grandes Projetos, Agricultura Familiar e Crise Fundiária, e Consolidação em Áreas de Reforma Agrária.

Quem assistiu à oficina Comunidades Tradicionais teve a oportunidade de conhecer duas experiências de povos tradicionais que lutam pela terra no Semiárido: a comunidade quilombola Tapuio, em Queimada Nova/PI, e o povo Xukuru, da Serra do Ororubá, em Pesqueira/PE.

Rosalina Maria, representante da comunidade Tapuio, contou que a luta quilombola no Piauí começou com o trabalho de valorização em cinco comunidades quilombolas, dentre essas, a que a Tapuio. Hoje o estado já possui 150 comunidades mapeadas. O fortalecimento dessa luta trouxe muitos avanços como a autonomia e o protagonismo das comunidades, a elevação da autoestima do povo negro e o resgate cultural.

No entanto, há muitos desafios a serem superados pelos quilombolas. O maior deles é a devolução das terras que pertencia a esse povo e que hoje está nas mãos de outras pessoas. “A terra é a vida do quilombo! Mas não queremos qualquer terra, queremos aquela onde nossos antepassados viveram. Nós somos os verdadeiros donos dessas terras e o que queremos é essa regularização”, afirma Rosalina, que defende a efetivação de políticas públicas para beneficiar os negros.

Essa foi uma batalha vencida pelo povo indígena Xukuru após muita luta. O vice-cacique José Barbosa dos Santos, conhecido como Zé de Santa, contou que desde o ano de 1988, com o reconhecimento da Constituição Federal do direito ao usufruto da terra ocupada pelos indígenas, os Xukurus começaram a se mobilizar para retomar suas terras.

No ano de 1998, a comunidade indígena sofreu um grande abalo: o líder do grupo na época, Cacique Chicão, foi assassinado. Este fato, no entanto, fortaleceu a luta do povo que continuou lutando, conseguiu a demarcação da terra e, posteriormente, sua regularização.

“Organizados, unidos, reconhecendo os nossos direitos e deveres, é possível conquistar muitas coisas. Conseguimos colocar professores índios em nossas escolas, garantir que a merenda seja comprada diretamente dos agricultores da nossa comunidade. Tudo isso cobrando do Estado brasileiro que cumpra o seu papel”, complementa Zé de Santa.

Ao final das apresentações, os outros participantes puderam contribuir com o debate, trazendo suas experiências, avanços conquistados e desafios a serem superados.

Ouça abaixo o depoimento de Ana Eugênio, da comunidade quilombola Sítio Veiga, em Quixadá (CE), sobre a luta dos quilombolas pelo acesso à terra.

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