Gerenciamento da água é tema de curso para agricultores familiares do Piemonte da Diamantina
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Aprender sobre a gestão e o planejamento do uso da água armazenada na cisterna-calçadão foi um dos motivos que reuniu mais de 80 agricultores de várias comunidades de Miguel Calmon, Jacobina e Caém, na Bahia. Este momento foi oportunizado pela Cooperativa de Assistência a Agricultura Familiar Sustentável do Piemonte (COFASPI), no Curso de Gestão das Águas para a Produção de Alimentos (GAPA), que aconteceu no mês de julho, nas respectivas comunidades de cada município.
Toda esta discussão foi realizada com base na premissa do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), que visa garantir a segurança e soberania alimentar das famílias do Semiárido, incluindo o Sertão baiano. Neste sentido, o foco do programa vai além de construir a tecnologia de armazenamento da água da chuva para as famílias, ela perpassa pela dinâmica do caráter produtivo a ser desenvolvido e o uso racional da água.
Para Rosenildo, animador de campo da COFASPI, este encontro de formação foi muito importante por disponibilizar para as famílias conteúdos diversificados com a possibilidade de serem facilmente colocados em prática por elas. “Já que o programa tem o objetivo de garantir a soberania alimentar das famílias, então, este é um momento importante para que elas discutam sobre o assunto”. Ele acrescenta que o GAPA também é um momento para que “elas [as famílias] olhem o Semiárido com outro olhar, possam discutir sobre a importância deste tipo de políticas públicas e ainda descriminalizar a questão da reforma agrária”.
As turmas ficaram muito animadas com os debates e as trocas de conhecimentos que aconteceram ao longo dos cursos. Dos temas abordados, o que mais chamou a atenção foi a apresentação de tecnologias sociais de armazenamento da água da chuva que ainda eram desconhecidas, como a barragem subterrânea, a cisterna-calçadão e o tanque de pedra. No município de Miguel Calmon foi realizada uma visita a propriedade da família de Seu Olímpio onde as famílias puderam ver pela primeira vez uma cisterna- calçadão. No meio do caminho, observando um riacho seco, tiraram as dúvidas sobre como é uma barragem subterrânea.
Para Dona Lene, de Miguel Calmon, foi uma surpresa muito boa e agora, depois que viu a cisterna, ficou mais animada ao saber que também será beneficiada com esta tecnologia. Ela já sonha com os benefícios que será ter água no quintal de casa para a plantação. “Com mais água a gente vai ter a família para trabalhar em grupo e também a gente não vai tá (sic) se preocupado em comer aquelas verduras cheias de veneno. A gente mesmo vai tá (sic) plantando e cuidando”, enfatiza.
Neste evento também foi possível conhecer um pouco mais sobre as realidades e as relações das famílias que vivem no campo com a terra e a água. A partir deste diálogo entre agricultores, técnicos e as instrutoras dos cursos foi possível compartilhar conhecimentos e saberes populares.
Esta capacitação é mais uma das ações do Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semiárido – Uma Terra e Duas Águas (P1+2). Este programa é uma realização da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), com a execução local da Cofaspi e tem o apoio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (MDS).
Assista ao vídeo da capacitação.