Agricultores piauienses conhecem experiências
Um grupo de agricultores do Piauí beneficiados pelo Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), da Articulação do Semi – Árido Brasileiro (ASA Brasil), participaram de um intercâmbio para a troca de experiências com agricultores do sertão do Ceará. Eles visitaram o Sítio Bueno no município de Irauçuba e conheceram algumas tecnologias de captação de águas e técnicas agroecológicas de produção.
No Intercâmbio os agricultores puderam comparar os dois modelos de agricultura, a chamada de “convencional” e a agricultura ecológica, que segue critérios de sustentabilidade. A família do agricultor Antônio e Lucilene Azevedo receberam os visitantes em sua casa e mostraram os reservatórios de captação de água da chuva existentes na comunidade.
Todos os participantes do intercâmbio são beneficiários da cisterna-calçadão, tecnologia do P1+2 que acumula a água da chuva para ser usada no manejo de quintais produtivos no período de estiagem. A agricultora Luzia de Sousa da comunidade Cabreiro, no município de Lagoa do São Francisco, se disse encantada com o quintal de base agroecológica das famílias também beneficiadas com o Programa, “aqui tem muita coisa que a gente nem imaginava que era importante, nunca que eu colocaria folha seca nos troncos das plantas, para mim isso era sujeira”, brinca.
Seu Antônio conta que ele e os dois amigos foram chamados de loucos quando começaram a trabalhar o sistema de Agrofloresta, uma técnica alternativa de uso da terra, onde a mata nativa é preservada, mas na área também são plantados outros tipos de culturas, como plantas frutíferas. Tudo é feito sem uso de agrotóxico, sem queimadas e com adubação orgânica “não usamos agrotóxicos, usamos os adubos orgânicos feitos a partir da decomposição de palhas, estercos e outros resíduos. A utilização destes produtos aumenta a vida do solo e deixa as plantas muito mais bonitas”, explica.
Os agricultores tiveram a oportunidade de conhecer ainda o tanque de pedra, a barragem subterrânea, onde é utilizada a técnica de barramento do fluxo de água que corre abaixo da superfície, e a Casa de Sementes da comunidade. O agricultor Antônio Martins da comunidade Campo do Morro no município de São João da Fronteira, conta que já tem o costume de guardar sementes em casa, mas às vezes a necessidade faz com que a semente que seria usada para o plantio sirva de alimento para a família, “a gente guarda, mas aí vem a necessidade e quando é para plantar não tem, acho que com esse banco não precisaríamos comprar sementes ou esperar pelo governo” , explica.
Da visita a agricultora Maria das Graças, da comunidade Cacão, em Pedro II, diz que vai levar além de saudades, a importância de se cuidar bem do solo, “uma viagem dessa é boa demais, por que viemos ver eles fazendo isso tudo aqui, lá na comunidade o costume é queimar, botar veneno, faz um monte de coisa sem saber que pode fazer mal pra gente e também para o solo”, diz.
O Intercâmbio foi realizado pelo centro Regional de Assessoria e Capacitação (CERAC) e acompanhado pela Cáritas Regional do Ceará responsável pelo desenvolvimento do Programa naquela região. A Asa Brasil através do P1+2 valoriza o saber popular promovendo os intercâmbios de experiências entre agricultores. Estes momentos de partilhas, somados com o conhecimento técnicos produzidos pelas organizações, gera impactos positivas na vida das famílias.
O programa Uma Terra e Duas Águas, desenvolvido pela Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA Brasil) tem como objetivo ajudar as famílias a produzirem alimentos, com a ajuda de tecnologias sociais que acumulam a água da chuva para serem usadas no período mais seco do ano. Além das cisternas, o programa também desenvolve outras tecnologias que visam à sustentabilidade do Semiárido, como a construção de tanques de pedras e barragem subterrânea.
Fonte: Fabio Brito