Agroecologia em Prosa e Verso

Intercâmbio sobre tecnologias agroecológicas de convivência com o Semiárido vira poesia
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A convivência com o Semiárido tem se tornado mais fácil no Vale do Jequitinhonha, a partir da utilização de práticas agroecológicas difundidas pelas ações de incentivo aos pequenos agricultores na região.

O intercâmbio intermunicipal, realizado pela ASA, na cidade de Araçuaí, levou representantes de Itinga, Ponto dos Volantes e Araçuaí, municípios do Vale do Jequitinhonha atendidos pelo Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), por uma viagem no mundo da permacultura.

O grupo visitou o Sítio Maravilha, que funciona como um centro de pesquisa de práticas agroecológicas de permacultura, do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento, o CPCD. Ele é divido em zonas que visam a integração de diversas práticas como a captação de água da chuva, os banheiros secos, o plantio em canteiros mandala e o consorciamento de espécies de plantas.

Ouça o que Celso Silva Souza, permacultor cuidador do sítio, tem a nos dizer sobre o zoneamento de uma propriedade e sobre as mudanças percebidas a partir da utilização desta prática.

A segunda parte da visita teve como objetivo mostrar como as comunidades têm lidado com a implantação da permacultura. A visita se deu na propriedade de Inês Guedes, com apresentação do grupo Mães Cuidadoras das Águas, da comunidade Vargem João Alves.

O grupo de mães foi organizado inicialmente para auxiliar os filhos na escola, apenas com o nome Mães Cuidadoras, mas as preocupações foram além das tarefas da escola, quando elas [as mães] compreenderam que poderiam usar elementos do dia-a-dia, como fazer biscoitos, para ensiná-los. Hoje, o grupo se une em mutirões para construir quintais agroecológicos nas casas vizinhas, debater relações de gênero e organizar as já tradicionais rodas de viola para festejos da comunidade.

Durante a visita, elas ensinaram aos visitantes como se faz um canteiro mandala, que tem formato de círculo e uma abertura que vai até seu centro, para que ao molhá-lo a pessoa não necessite gastar energia, pois só é necessário girar o corpo. Ensinaram também como fazer um biofertilizante e um repelente que usam no manejo do solo. 

Mas, assim como deve ser em um intercâmbio, elas também aprenderam. Valteir Antunes, guardião das sementes do amor do banco de sementes da gente, veio de Itinga e participou da visita, dando informações sobre como é o processo de construção de um banco de sementes, que é o próximo objetivo das mães cuidadoras.

Os visitantes e visitados se reuniram no dia seguinte para discutirem na teoria o que já haviam visto na prática e, mais uma vez, constataram que a agroecologia é mais fácil do que se pensa. Numa mistura das diversas práticas construíram a poesia Para uma vida diferente. Confira!

Para uma vida diferente

Colher semente da gente
Pra plantar e pra colher
Pra guardar e pra comer.

O banco é nosso depósito
Pra semente a gente guardar
Da semente se tira o alimento
Pra poder nos sustentar.

Cuidar do nosso solo
É a nossa obrigação
Pois degradado, este solo
Não existe produção

A semente representa produção
Pra colher frutos sadios
Pra nossa alimentação

Adubação orgânica é a nossa proteção
Contra doenças e pragas
Evita a contaminação
Não se poder usar o fogo
Que mata os nutrientes, deixando sem proteção

Venha minha gente, participar
Do nosso banco de semente
Usando recursos naturais
Que são muito resistentes
São muitos os benefícios
Dessa vida diferente.

Autores: Bruna Cardoso, Inês Guedes, Regina Poluceno e Valteir Antunes

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