Pesquisa comprova que milho agroecológico é mais nutritivo

Apesar de ser um alimento saudável, nem todo milho possui as mesmas propriedades nutritivas. Por isso, é importante ficar atento na hora de escolher a origem do produto. Os mais saudáveis são aqueles produzidos em bases sustentáveis, sem agrotóxicos. Foi o que constatou o estudo feito pela Universidade Federal do Paraná – Valor nutricional de milho produzido em sistemas de produção convencional e agroecológico -, de autoria de Rosana Kokuszka e Elenice Hakuro Murate.
De acordo com o estudo, fatores como solo, clima, variedades genéticas e adubação podem influenciar na qualidade nutricional dos alimentos. “A agricultura convencional ou agroquímica, centrada nos ideais da Revolução Verde, é hoje questionada quanto aos impactos que trazem ao meio-ambiente, quanto à exclusão de pequenos agricultores e também na qualidade do alimento produzido. A Agroecologia possibilita aliar o resgate e a valorização da vivência e do saber popular ao conhecimento técnico científico, buscando estabelecer formas de convivência sustentável da agricultura com as condições socioambientais dos diversos agroecossistemas”, afirma o documento.
A pesquisa foi feita na Região Centro-Sul do Paraná, um dos maiores produtores de milho do País.
Foi analisado o milho cultivado em dois sistemas de produção: o agroecológico e o convencional, em três propriedades familiares localizadas nos municípios de Irati, Rebouças e Rio Azul. Os resultados apontaram um percentual maior de proteínas, lipídeos, cinzas e fibras no milho agroecológico em comparação ao convencional, com exceção dos carboidratos, que apresentaram um decréscimo.
O milho com maior valor nutritivo foi o produzido na propriedade de Irati. Ele apresentou a mais 21% de proteínas, 17% de lipídeo, 13% de fibra e 1,39 % de fibra que o milho plantado no sistema tradicional. As análises foram realizadas no laboratório de Análise de Alimentos do Departamento de Nutrição da UFPR, de acordo com os métodos recomendados pela AOAC (2005).
No Semiárido, mais especificamente na Paraíba, a qualidade do milho agroecológico também está sendo analisada, através de uma parceria entre a ASA Paraíba e a Embrapa Tabuleiros Costeiros. Os locais onde estão sendo feitas as experiências são chamados de Campos de Multiplicação de variedades de milhos crioulos.
Segundo o coordenador do Programa de Agrobiodiversidade da AS-PTA e membro da Rede de Sementes da ASA Paraíba, Emanoel Dias, o estudo visa garantir a pureza das variedades de sementes crioulas, o que é uma coisa difícil de assegurar porque o milho é uma planta de cruzamento aberto.
“Esse é um cuidado que os agricultores devem ter para que o milho crioulo não seja cruzado com espécies híbridas ou transgênicas. Se eles querem zelar com essa cultura, com essa forma de resistência, uma recomendação é ter o maneio adequado, guardar as sementes em bancos, seja familiar ou comunitário, porque o mercado de venda de sementes não é favorável para os agricultores”, destaca Dias.