Pedreiros constroem primeira cisterna-calçadão em Miguel Calmon

Tecnologia é fruto da primeira capacitação de pedreiros do P1+2 na região
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No chão batido do povoado Alecrim, município de Miguel Calmon, Bahia,  aconteceu de 7 a 16 de junho de 2011, o primeiro curso de pedreiros para a construção da cisterna-calçadão do Território Piemonte da Diamantina. Esta capacitação trata-se de mais uma das ações do Programa Uma Terra e Duas Água (P1+2), realizada na Região de Jacobina pela Cofaspi.

Na capacitação, os participantes tiveram acesso às informações sobre a importância e a responsabilidade em se construir cisternas-calçadão para as famílias beneficiadas com o Programa Uma Terra e Duas Águas, da ASA. Na oportunidade foi abordada a importância desta tecnologia para se garantir a soberania alimentar das famílias que encontram dificuldades de acesso à água para a produção de alimentos no Semiárido baiano. A partir disso, os cisterneiros destacaram a necessidade de se estabelecer um bom relacionamento com as famílias com as quais irão trabalhar durante a construção das cisternas.

Para Seu Anchieta, instrutor do curso, pedreiro, agricultor, defensor do meio ambiente e do alimento orgânico, “a cisterna é uma tecnologia que poucos pedreiros aqui na região sabem fazer e a realização deste curso é uma oportunidade de capacitar os pedreiros da própria comunidade, que são trabalhadores rurais”. A cisterna-calçadão é uma novidade na região, mas ele disse que se sente feliz de realizar este trabalho há mais de 20 anos, primeiro com a construção das cisternas de consumo e agora com a cisterna para a produção, que permite o acesso destas famílias à água nas suas casas.

Na prática, os pedreiros aprenderam o passo a passo para erguer esta construção social, que se iniciou com a preparação dos componentes e da base: placas, vigas, piso, paredes, coluna central da cisterna e por fim o acabamento das paredes, a colocação das vigas e placas da tampa da cisterna. Em seguida, após escolher o local adequado, foi feita a construção do calçadão, que consistiu em erguer muro, o piso e o decantador, finalizando a construção desta tecnologia social.

O pedreiro mais novo da equipe, Marcílio, de 21 anos, que está aprendendo uma nova profissão e garantindo a sua renda, diz que gosta do que faz e se sente satisfeito em fazer parte desta equipe, pois “aprendo uma profissão diferente e ainda ajudo as pessoas para que elas tenham onde guardar a água da chuva”, enfatiza.

Ao final do curso, a cisterna-calçadão ficou pronta para o uso da família de D. Idábola, Seu Olímpio e o filho do casal. Segundo eles, que moram em uma região que não tem barreiro e o solo não segura água, “esta obra veio para termos um lugar onde guardar a água que cai da chuva, pois aqui passa água para encher o rio e a gente não tinha como armazenar”, disse Seu Olímpio.

Com esta cisterna, com capacidade para armazenar 52 mil litros de água, a família vai poder estocar água da chuva e com isto potencializar o cultivo de hortaliças e fruteiras ao lado da sua propriedade, principalmente, em período de estiagem. Para Seu Olímpio, que já produz alguns alimentos (couve, quiabo, alface, coentro, mamão, feijão verde) numa área próxima a barragem comunitária que fica a mais de 2 km de sua propriedade, esta é uma oportunidade de fortalecer a produção existente, realizar este trabalho perto de casa e ainda contar com a ajuda de todos os membros da família nesta tarefa. Ele já sonha com os benefícios que esta cisterna-calçadão pode trazer, como a possibilidade de trabalhar com fruticultura e produzir mesmo no período de seca.

A esposa enfatiza que vai ser uma oportunidade dela contribuir ainda mais nas atividades da roça, já que no momento, por motivo de doença, ela não pode ir até a barragem com a frequência que gostaria para fazer a colheita e plantação das hortaliças.

A formação dos pedreiros foi o primeiro passo para se iniciarem as construções das outras 76 cisternas previstas no Programa Uma Terra e Duas Águas nos municípios de Jacobina, Miguel Calmon e Caém. O P1+2 é uma realização da ASA, em parceria com o MDS e está sendo executado na região pela COFASPI.

 

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