Frutas da agricultura familiar dão sabor ao tradicional licor nos festejos juninos
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Licor é o grande destaque dos festejos juninos em Mairi |
Uma diversidade de sabores e cheiros podem ser sentidos nas casas das famílias do Semiárido baiano no período dos festejos juninos. É fabrico do licor, bebida que não pode faltar durante as festas dos santos mais famosos da Igreja Católica: Santo Antônio, São João e São Pedro.
Se o consumo do licor se intensifica neste período, sua produção se inicia muito antes. Fonte de renda para as famílias, a tradição de fazer licor é passada de mãe para filha, e chega aos dias atuais trazendo inovações como licor cremoso, feito de milho, chocolate e café. Porém os mais famosos continuam sendo os sabores produzidos a partir das frutas vindas da agricultura familiar, como a cajá, o maracujá, o tamarindo, o genipapo, o amendoim, a juriti, o jatobá, entre outras.
No município de Mairi, a produção de licor é um elemento forte culturalmente, tanto no campo e como na sede. Dona Vanete Reis Oliveira, da Comunidade de Alagoinha, conta como aprendeu. “Na família que fui adotada as pessoas sabiam fazer e eu de curiosa aprendi. Quando na cidade foi organizada a feira do licor, há dezoito anos, eu comecei a produzir e tirar uma pequena renda, mas o que a gente mais ganha mesmo é ver todas as amigas reunidas”, conta Dona Vanete.
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Apesar das dificuldades, Dona Jurimar não deixa de produzir |
Já Dona Jurimar da Silva chama atenção para as dificuldades de produzir apenas em uma temporada. “Depois que passa a feira e a festa de São João a renda que fica é pequena. Tudo esse ano está caro. A saca de açúcar se encontra até de R$120, as embalagens são R$ 0,55”, ressalta.
A maneira de fazer é a mesma utilizada por todas. Dona Carmem Nunes, ensina como produzir o mais famoso dos sabores, o de genipapo. “Eu faço geralmente no mês de maio, porém as frutas são colocadas na infusão um ano antes, para o gosto ficar mais apurado. Aqui em Mairi não temos dificuldade de adquirir as frutas. Lavamos, cortamos e colocamos na cachaça, em vasilhas fechadas. Quando chega o período, colocamos a calda de açúcar e coamos. É só colocar na garrafa e está pronto. Os sabores mais trabalhosos são genipapo e tamarindo” explica.
As mulheres não possuem um espaço de produção. Todas produzem em casa, mas constantemente se reúnem para decidir valores e a compra de material. O licor é vendido durante todo o período do inverno nos valores de R$ 10,00 (tradicional) e R$ 20,00 (cremoso) por litro. Elas também optaram pelo uso de garrafas plásticas, devido à insegurança gerada pelas garrafas de vidro durante as festas. A comercialização é feita para alguns supermercados e nas próprias casas.
A Feira do licor – Evento considerado pela população de Mairi como a abertura dos festejos juninos no município, a Feira do Licor, realizada no mês de maio, este ano esteve na sua 18ª edição. A feira reúne não somente a produção de licor, mas também comidas típicas como bolos, beiju, caldos, amendoim, como explica Elineuza Gomes, integrante da Comissão Executiva Municipal de Recursos Hídricos.
“A feira surgiu há 18 anos. Quando a feira parou de acontecer as mulheres se organizaram, compraram barracas e continuaram com a feira. Temos 18 mulheres que participam, no município temos mais produtoras de licor, é familiar. Ponto de Mairi, Angico, são comunidades que também fazem o licor, a tradição é de mãe para filha, e netas” afirmou Elineuza Gomes, também Diretora de Cultura e da Rádio Comunitária Mairi FM.