Poesia: Em meio a Pedras Brancas

A poesia abaixo é um dos produtos elaborados no Encontro de Comunicadores da ASA, realizado de 1 a 3 de junho, no Recife (PE).  A produção foi feita a partir de uma metodologia que procurou aguçar um novo olhar dos comunicadores sobre a realidade. A experiência escolhida para exercitar esse método foi a da agricultora Joelma, que mora com o marido e três filhos na comunidade Pedra Branca, município de Cumaru, Agreste de Pernambuco. 

Chão batido, terra difícil
Pisoteado, era assim no início
Do curso de GRH fui participar
Onde aprendi melhor da água cuidar

Informação, conhecimento, inovação

Uma visita fui fazer
Pra uma experiência conhecer
Quando voltei não teve jeito
Nasceu a agroecologia dentro do meu peito

Cultura, criação, plantação

Tudo é uma mistura,
Não dá pra separar
Planta uma coisa, planta outra
Pra vê onde vai dar

Acerola, palma, juá, mamão

Veio a primeira água
E com ela a alegria
De ter água para beber
Limpinha todo dia

Barragem, cisterna, calçadão

Quando começa não se para mais não
Mais terra, mais alface, mais esterco, mais criação
Mais galinha, mais terra,
Mais água, mais produção

Macaxeira, girassol, gergelim, algodão

Do solo pisado, cheio de vida agora
Antes vendendo saúde, trazendo doença de fora
Hoje tudo é muito maravilhoso
Comendo o que se produz é muito mais saboroso

Cuidado, preservação, alimentação

A barragem é o meu cantinho
Uma variedade é o maracujá
Falei com ele cedinho
Já é hora de adoçar

Visita, partilha, emoção

É trabalho no verão
No inverno é mutirão
É troca de colheita do mel e roçado
Todo mundo junto e misturado

Queijo, mel, palma, feijão

O mais difícil foi conscientizar
Estar aberto a mudança
Não há nada que sem luta possa transformar
Mostrar que o diferente é a esperança

Luta da rua, da casa, do campo, da roça

Plantar aquilo que a gente quer
É o meu pensamento mais profundo
Para aqueles que vem depois da gente
Tem que ter a muda desse outro mundo

Joelma, Roberto, Betinho, Henrique, Hugo

*Comunicadoras da ASA