Energia Solar é usada na caprinocultura

A experiência de Seu José Geraldo
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José Geraldo Ribeiro de Matos, também conhecido como Geraldinho, da comunidade de Roda d’água, região do Rio dos Cochos, município de Januária trabalha há cinco anos com a criação de caprinos e ovinos, utilizando a tecnologia de cerca elétrica movida à energia solar.

Seu José explica que esse tipo de cerca possibilita que você tenha apenas um custo inicial para instalação e construção do gerador. Depois é só mantê-la, sem que seja gerado maiores custos com energia.

A função da cerca, diz José, é educar. “Você deixa os animais durante um dia no entorno e depois deixa os animais de três a cinco horas dentro de um espaço menor, contornado pela cerca elétrica”. No caso da propriedade de Seu José, por segurança, visto que a área de pasto é bem extensa e possui ao fundo uma reserva de topo de morro, a cerca elétrica contorna toda área de pastagem e acaba por afastar também cachorros ariscos e vacas que estragam cercas.

Os obstáculos foram muitos. Geraldinho conta que primeiro desafio foi afastar as onças.  Fazem cinco anos que ele tenta implementar a criação de cabras e ovelhas, mas teve que esperar este tempo para afastar a onça que dizimou a primeira criação. Agora, diz ele, o desafio maior está sendo a cultura do agronegócio. Ele fala que a cultura local é de criação de animais de grande porte e plantio de monoculturas. “Os pequenos agricultores da região direcionam seu trabalho para concorrer com os grandes produtores, sem perceber que a garantia da alimentação de sua família vem da produção diversificada da horta e da plantação, que as condições de fertilidade do solo vêm da preservação das matas e fontes de água”.

E encerra dizendo: “Eu não quero isso só pra mim. A agricultura familiar gera renda. Se tivessem mais pessoas interessadas na caprinovinocultura aqui na região, suficiente para somar mais de 200 matrizes de ovelhas, por exemplo, já poderíamos assinar contratos com frigoríficos e programas do governo, gerando renda para todos através de um projeto sustentável para nós e o meio ambiente”.

Atualmente, o agricultor possui duas matrizes genéticas para garantir a carcaça e 95 animais. O objetivo da família, segundo ele, é transformar essa atividade na principal fonte de renda. “Por ser extremamente vantajoso, aqui a gente planta e arrisca perder tudo quando a chuva não vem. Mas estes animais são resistentes, sabem conviver com o Semiárido, precisam de pouca água, não ocupam muito espaço. Eu tenho um número muito maior de animais em uma área muito menor, além de que não compactam a terra. Pelo contrário, fertilizam e as tornam melhores para plantação. Muito diferente da criação de bovinos, que inutiliza a área para plantar, tem alto custo de alimentação e necessita de uma grande extensão de terra, que não é muito a realidade de um pequeno agricultor”, explica Geraldinho.

O projeto de capacitação em criação de caprinovinocultura e de construção de um gerador de energia solar vieram através de um projeto com a Misereor executado pela Cáritas Diocesana de Januária, em parceria com a ASSUSBAC (associação dos usuários da sub-bacia do Rio dos Cochos), entidade da qual o agricultor participa.

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