Numa roda de conversa, agricultoras/es contam suas experiências
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Momento de partilha de experiências na visita à propriedade de Joelma e Roberto. Foto: Verônica Pragana/ASACom |
No segundo dia do Encontro Nacional de Agricultoras e Agricultores Experimentadores da ASA, em Pesqueira, Pernambuco, as/os participantes se deslocaram da cidade para visitar as experiências de agricultoras e agricultores em outros municípios do Estado.
Uma das experiências visitadas foi a de produção agroecológica de Joelma e Roberto, na comunidade Pedra Branca, no município de Cumaru. O encontro proporcionou um momento de integração e partilha e, numa roda de conversa, os participantes trocaram os conhecimentos de iniciativas de convivência com o Semiárido.
No primeiro momento Joelma contou como a vida de sua família mudou depois de integrarem-se nos programas de mobilização social da ASA, que lhe proporcionou maior conhecimento sobre a importância de cuidar bem da terra. “A gente começou do zero. Começamos melhorando a terra. Pegávamos folhas secas nas terras dos vizinhos para jogar na nossa terra. No começo foi uma luta para melhorar. Todo mundo dizia que esta terra não produzia, nem mesmo o proprietário acreditava, por isso nos vendeu”, afirma Joelma, que na ocasião declara que fez muita coisa errada com a terra, até ter consciência da sua importância.
Mas, diante da partilha de uma experiência marcada pela luta para sobrevivência familiar e fortalecimento da terra, como também da paixão pela causa da vida, a emoção tomou conta das/os participantes, que impulsionadas/os interferiam, soltando em cada pequena pausa pingos de suas histórias.
Dona Ana Júlia da Silva, do município de Anapi, em Alagoas, disse que tem a cisterna-calçadão do P1+2, mas logo na construção ninguém acreditava que com a segunda água ela poderia produzir seu alimento, nem mesmo o esposo. “As pessoas caçoavam de mim. E o marido não ajudou. Ele diz que não tem futuro e ainda incentiva os filhos a não acreditarem, mas, mesmo assim, tenho minha verdura para comer e vender para a vizinhança”, diz.
Já dona Maria do Socorro veio de Parnamirim, Pernambuco. Ela conta que sua experiência é diferente. Ela adquiriu o conhecimento, mas todos põem em prática. “O meu esposo diz: quando trabalhei com o veneno matei a terra, matei os animais, me matei e matei alguém. Ele tem essa consciência. O meu filho é agente promotor de agroecologia e trabalha no campo. Isso tentando mudar a cabeça dos vizinhos. Há quatro anos deixei de usar agrotóxico. Este ano foi a primeira experiência com melancia e todos diziam que não tirava, que a melancia não dava sem veneno. Eu plantei ela consociada com o milho e o gergelim e colhi. Teve pessoa que disse assim: eu não acreditava, mas agora acreditei porque vi”, diz a agricultora.
Outro agricultor que também partilhou sua experiência foi Valdeir, da comunidade Carneirão, no município de Itinga, Minas Gerais. Ele começou a desenvolver práticas agroecológicas, a partir de visita a experiências de agricultores em Pernambuco. “Eu queimava demais. Em 2003 fui a Recife, vi uma experiência com curvas de nível. Quando cheguei em casa fiz e deu certo. Agora fazemos diferente, não cortamos as árvores e fazemos uma plantação agroecológica”, diz o agricultor.
Assim como dona Julia, dona Maria do Socorro e Valdeir, muitas agricultoras e agricultores presentes também partilharam suas experiências, e no final agradeceram pela troca de saberes ali realizada.