Aumentam conflitos e assassinatos no campo no Nordeste em 2010

Compartilhe!

Em 2010, os conflitos no campo apresentaram aumento de 37,5%. De 320 conflitos em 2009, foram contabilizadas 440 incidências. No Brasil, devido a uma queda de registros nas demais regiões, houve 1.186 conflitos no campo brasileiro, dois a mais do que em 2009.

No Nordeste, os estados que apresentaram crescimento acentuado dos conflitos foram Bahia (48 para 91, + 89,6%), Maranhão (112 para 199, + 77,7%), Pernambuco (37 para 51, + 37,8%), Sergipe (2 para 5, + 150%) e Rio Grande do Norte (4 para 6, + 50,8%). Paraíba e Ceará apresentaram crescimento de 30,8% e de 10% respectivamente.  Alagoas e Piauí apresentaram número menor de conflitos em 2010.

Houve também aumento de 61,2% no número de conflitos em Minas Gerais (49 para 79) e de 37,5% em Goiás (24 para 33). Espírito Santo e Santa Catarina tiveram um crescimento de 30,8%, passando de 13 para 17 conflitos.

Mas o que mais marca o ano de 2010 é o crescimento do número de assassinatos em conflitos no campo. Trinta e quatro assassinatos, um número 30% maior que em 2009, quando foram registrados 26. Esse número representa uma inflexão na tendência de queda que vinha desde 2006.

Trinta destes assassinatos ocorreram em conflitos pela terra, dois pela água e dois por questões trabalhistas. A região Norte concentrou 21 destes assassinatos; o Nordeste, 12 e o Sudeste 1.

O Pará mantém a liderança quanto ao número dos assassinatos, 18, número 100% maior que em 2009, quando foram registrados 9.  O Maranhão apresentou porcentagem ainda maior no crescimento do número de assassinatos. Em 2010 foram assassinados quatro trabalhadores, 300% a mais que em 2009, quando foi registrado um assassinato.

O que é triste constatar é que nove dos 18 assassinatos no Pará envolveram trabalhadores contra trabalhadores, casos da Fazenda Vale do Rio Cristalino e do Assentamento Rio Cururuí.  Uma violência que esconde os reais responsáveis pela tragédia. Desavenças entre trabalhadores são geradas pelos interesses do capital, sobretudo das madeireiras.

No início deste ano, a imprensa noticiou conflitos em Anapu, no Pará.  De um lado, os assentados do PDS Esperança, criado por Irmã Dorothy, que bloquearam estradas para evitar a saída de madeira extraída ilegalmente da área. Do outro, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais que defende a extração da madeira.  Mas por trás destes estava o interesse das madeireiras.

A Coordenação Nacional da CPT emitiu nota sobre este conflito em que afirma: “Os interesses econômicos, com seu olhar focado exclusivamente no lucro, recusa-se a ver outras dimensões e valores da natureza e utiliza diversos estratagemas para minar a resistência popular, inclusive jogando trabalhadores contra trabalhadores.”. Esta é a lógica que sustenta os conflitos nas áreas da Fazenda Vale do Rio Cristalino e do Assentamento Rio Cururuí.

Além dos assassinatos, em 2010 foram registradas 55 tentativas de assassinato, 125 pessoas receberam ameaças de morte, quatro foram torturadas, 88 presas e 90 agredidas.

                                                                          

2006  2007 2008 2009 2010
Assassinatos no campo 39 28 28  26 34

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *