O diálogo do conhecimento técnico com a sabedoria popular
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No dia 23 de março o Instituto Federal de Alagoas (IFAL), da região de Piranhas, e organizações da Articulação do Semiárido (ASA), deram o primeiro passo na construção de uma possível parceria entre esta instituição de ensino e agricultores familiares do sertão alagoano. Além de professores do curso de agroecologia e agroindústria, uma pedagoga e o coordenador dos cursos participaram de uma visita a agricultores familiares.
O IFAL está se estabelecendo na cidade de Piranhas e, até o momento, oferece os cursos de agroecologia e agroindústria, ambos de nível médio técnico. A intenção é atender aos jovens filhos de agricultores de toda a região, oferecendo uma formação contextualizada de acordo com as aptidões locais.
Na oportunidade, os visitantes que foram acompanhados pelo grupo de trabalho (GT) de Agroecologia da ASA, conheceram as propriedades do senhor Edésio Melo (seu Dedé) e a do senhor Sebastião Damasceno nos municípios de São José da Tapera e Santana do Ipanema, respectivamente.
No sítio Bananeiras, São José da Tapera, o grupo conheceu uma tecnologia que vem dando excelentes resultados na produção de alimentos. A barragem subterrânea, uma alternativa de armazenamento de água no subsolo, foi implantada na propriedade de seu Dedé há 3 anos. A partir dela o agricultor produz uma variedade impressionante de frutas, além de verduras e legumes, os quais ele comercializa para feirantes e para a prefeitura local.
A outra visita se deu no Sítio Cabaceiras na comunidade Lages dos Barbosas em Santana do Ipanema, onde o grupo conheceu o banco de sementes crioulas de seu Sebastião Damasceno, um guardião que mantém uma reserva com cerca de 50 espécies de sementes, entre feijão, milho e fava. O agricultor mantém ainda uma área de manejo e reflorestamento da caatinga, que utiliza principalmente para a alimentação animal e criação de abelhas.
Tanto seu Sebastião como seu Dedé tem uma prática voltada para os princípios e técnicas agroecológicas, com o uso de insumos naturais, respeitando a natureza e produzindo alimentos saudáveis.
Durante as visitas, professores e agricultores trocaram conhecimentos e experiências, estreitando a relação entre o conhecimento técnico e o saber popular. Vislumbraram ainda a possibilidade de utilizar as unidades produtivas enquanto espaços para desenvolvimento de práticas e experimentos junto aos alunos do instituto, bem como estabelecer novas parcerias e projetos junto às organizações que atuam na região.