Slow Food lista 21 produtos brasileiros ameaçados de extinção
Licuri, mangaba, baru ou arroz-vermelho são produtos raríssimos no mercado global, embora importantes para determinadas comunidades, que dependem deles como fonte de renda e/ou nutrientes. Eles integram a lista dos produtos ameaçados de extinção elaborada pelo Slow Food, movimento internacional que valoriza alimentos e culturas tradicionais. A relação nacional foi fechada em 2010 com 21 produtos, sete a mais do que em 2009, e talvez finalize 2011 com o acréscimo de mais sete – a maioria ainda encontrada no Semiárido brasileiro. No mundo todo, são em torno de 750 espalhados por 48 países. A previsão é de Roberta Marins de Sá, presidente da Arca do Gosto no Brasil, uma comissão responsável por elaborar um catálogo mundial, que identifica e divulga sabores quase esquecidos de produtos ameaçados de extinção. “O empenho é pelo restabelecimento deles, pois ainda estão vivos e apresentam potenciais produtivos e comerciais reais“, explica.
Na maioria das vezes, o perigo do desaparecimento está centrado na coleta não sustentável – no caso de extrativismo – em áreas devastadas, baixa procura, perda da tradição e desinteresse mercadológico. Josenaide Alves, presidente da Cooperativa de Produção da Região do Piemonte da Diamantina (Coopes), na Bahia, não mede esforços para tornar o licuzeiro protegido. Essa palmeira típica do Semiárido nordestino dá um fruto parecido com um coquinho – transformado em biscoitos, doces, óleo, entre outros, importantes na renda de 200 cooperados.
Segundo ela, a cooperativa incentiva novos plantios e manejo correto com as palmeiras já existentes. “O licuzeiro sofre muito com o extrativismo. Na época da seca, suas folhas são retiradas para alimentar os animais“, comenta ela sobre uma das razões do risco. A esperança de Roberta Marins é ver um dia essa lista ser constituída de poucos alimentos. Enquanto isso não acontece, eles permanecerão nesse catálogo como o alerta de uma riqueza alimentar diminuída.