Rede Cerrado divulga carta contra usina de Belo Monte, no Pará

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Na última terça-feira (8), a Rede Cerrado, articulação da sociedade civil que congrega instituições que atuam na promoção do desenvolvimento sustentável e na conservação do Cerrado, divulgou pela internet uma carta de apoio e solidariedade aos povos e comunidades tradicionais que serão afetados pela construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.

De acordo com o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), a hidrelétrica além de inundar uma área de mais de 600 quilômetros quadrados (km²), a usina promoverá até 80% de redução da vazão de um trecho de mais de 100 quilômetros do rio, denominado Volta Grande do Rio Xingu, atrairá uma população estimada em 100 mil pessoas e causará o deslocamento compulsório de cerca de 40 mil.
Confira a carta abaixo.
 
A Rede Cerrado é composta por mais de 300 entidades identificadas com a causa socioambiental no Cerrado, que representam trabalhadores/as rurais, extrativistas, indígenas, quilombolas, geraizeiros, quebradeiras de coco, pescadores, entre outros. O objetivo principal da Rede Cerrado é incentivar e promover a troca de experiências e informações entre as instituições visando conciliar equidade social, conservação ambiental e desenvolvimento. O cerrado é um importante bioma brasileiro que está presente em muitas regiões do semiárido brasileiro como o oeste baiano e o norte de Minas.

Confira a Carta.

NÃO À CONSTRUÇÃO DA HIDRELETRICA DO COMPLEXO BELO MONTE

A REDE CERRADO vem a público prestar sua solidariedade com os Povos e Comunidades Tradicionais – indígenas, ribeirinhos, ameaçados e atingidos por barragens, lideranças e movimentos sociais da Bacia do Xingu e de outros rios amazônicos que lutam contra a construção do Complexo Belo Monte e de outras mega-hidrelétricas projetadas para esta e outras regiões do Brasil.

Entendemos que esta é uma luta de todos nós, brasileiros e brasileiras, de todos nós que assistimos com muita indignação o acelerado processo de degradação dos biomas que sustentam e regulam a vida cuja repercussão é também planetária. Repudiamos a política de exploração predatória e o projeto de subordinação e destruição do patrimônio ecológico e sociocultural do Cerrado e os biomas que lhe fazem contato, entre este o da Amazônia. Um modelo de ocupação que se diz moderno, ancorado em demandas energéticas que servem para estruturar um agronegócio sujo, que concentra a terra, explora a população e degrada os ecossistemas locais, sem agregar nada de sustentável à economia e à vida social dessas regiões.

Estamos juntos neste oito de fevereiro em Brasília/DF e em outras regiões do Brasil que se levantam contra este mega-empreendimento. Representamos uma parcela significativa dos povos e comunidades tradicionais que antes nunca aqui pusemos os nossos pés. Lembrando ao Governo Federal, à nossa presidenta Dilma Roussef, que somos fiadores de uma política que enxerga o Brasil como uma nação multicultural e biodiversa. Onde o desenvolvimentismo a qualquer custo e o conservacionismo de uma natureza mítica e intocável devem dar lugar a uma abordagem onde o patrimônio natural e cultural devem ser fundadores de uma nova ordem política. Onde florestas, savanas, cerrados, caatingas, campos, restingas, manguezais, veredas e os seus povos devem ser reconhecidos, respeitados e considerados em uma estratégia de desenvolvimento e de sustentabilidade nacional e planetária.

A REDE CERRADO atualiza de público este posicionamento referendado pelas propostas da Carta – OS POVOS DO CERRADO FALAM – que foi aprovada no nosso último Encontro dos Povos do Cerrado de 11 de setembro de 2009:

Montes Claros e Brasília, 07 de fevereiro de 2011

Braulino Caetano dos Santos
Coordenador da REDE CERRADO
(38) 91093790 / (38) 32187700

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