O Nordeste sob a ameaça da seca

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Enquanto o país ainda não se recuperou da tragédia na região serrana do Rio, onde a chuva matou mais de 800 pessoas, um outro cenário de drama em razão de mudanças climáticas começa a se desenhar nos dois extremos do país. Levantamento feito pelo Correio Braziliense/Diario com todas as Defesas Civis do Brasil mostra que 123 municípios do Nordeste decretaram estado de emergência por causa da seca. O Rio Grande do Sul, que historicamente tem a melhor distribuição de chuvas do Brasil, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), também sofre com a estiagem e tem 13 cidades nessa situação.

Apesar de o cenário exigir atenção dos órgãos responsáveis, as Defesas Civis estaduais, aparentemente, não mantêm diálogo direto e eficaz com a Secretaria Nacional de Defesa Civil. Enquanto a Secretaria Nacional registra cinco municípios cearenses com decreto de estado de emergência em análise e nenhum com a situação reconhecida, o órgão estadual afirma que já são 85.

Independentemente da disparidade dos números, as Defesas Civis estaduais tentam amenizar a situação nos locais afetados. Uma das soluções encontradas foi a parceria com o Exército para fornecimento água no Nordeste, medida batizada de Operação Pipa. Lá, os agentes levam também cestas básicas aos locais atingidos. De acordo com a técnica da Defesa Civil do Ceará, Ioneide Araújo, os produtores afetados contam, ainda, com uma indenização por perdas na safra. Em Sergipe, onde 11 cidades pediram socorro – são cerca de 70 mil pessoas afetadas -, 115 caminhões-pipa fazem o abastecimento de água.

O meteorologista Fransisco de Assis Diniz explica que, embora os estados nordestinos estejam entre os locais que sofrem com a seca, foi o índice de chuvas abaixo do esperado em 2010 que agravou a situação no início de 2011. As áreas mais afetadas estão a oeste de Sergipe, Alagoas e Pernambuco, que tem, ainda, seca no sertão. O norte da Bahia e o sul do Ceará passam por situação complicada. A região, que costuma registrar 800 milímetros de chuva por ano, teve, em média, 400mm no ano passado. O excesso de chuva (em especial a zona da mata e o litoral), somado às tradicionais estiagens do sertão, fizeram com que o número de decretos de emergência e de situação de calamidade pública de municípios do Nordeste batesse recorde no ano passado, com 792 registros.

No Rio Grande do Sul, a estiagem, que afeta o oeste e o extremo sul da região, começou em outubro, quando choveu uma média de 150mm a menos que o esperado – o que se repetiu ao longo de novembro e dezembro. Para o mês de janeiro, o Inmet prevê cerca de 120mm a 160mm de chuva, mas até ontem havia chovido apenas metade desta quantidade. (Débora Álvares)

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