Ida & Volta – Entrevista Manoel Santos

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Aos 58 anos de idade com 42.347 votos, Manoel Santos (PT) foi eleito o primeiro deputado estadual trabalhador rural da história de Pernambuco. Manoel da CONTAG (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), como é conhecido, começou seu trabalho nos movimentos sociais como Agente Pastoral da Ação Católica Rural – ACR (1973/1978); depois foi delegado de base da comunidade Laranjo Velho em São José do Belmonte (1975); elegeu-se primeiro suplente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Serra Talhada e em seguida assumiu como tesoureiro; e foi também presidente em 1981. Secretário geral da FETAPE – Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado De Pernambuco (1990), presidente da FETAPE (1993) e reeleito presidente da FETAPE (1996); e depois assume a presidência da CONTAG (1998/2009). Confira a entrevista do Ida & Volta, informativo institucional do CECOR, com Manoel Santos:

Ida & Volta: O que representa sua vitória para os agricultores e agricultoras do Sertão Central?

Manoel Santos: A nossa vitória significa um crescimento de consciência política do conjunto dos trabalhadores rurais. O movimento sindical e os movimentos sociais de Pernambuco sempre atuaram no processo político partidário como coadjuvantes e apoiadores de candidaturas que nem sempre eram comprometidas e que viesse a fortalecer a nossa luta do dia-a-dia. Isto era um elemento que ficava a desejar do ponto de vista da resposta aos movimentos sociais e, sobretudo, do movimento sindical.

Ida & Volta: Como o seu mandado pode fortalecer ainda mais a Agricultura Familiar e a Agroecologia?

Manoel: Precisamos traçar estratégias de como vamos atuar de forma conjunta. As propostas, que vou apresentar e defender na Assembléia Legislativa, devem ser frutos desse conjunto das organizações, que discutirão quais são as prioridades. E eu serei sistemático para defender uma proposta nossa, não uma proposta minha. Será um insucesso se eu levar uma proposta de meu interesse. Iremos discutir quais os principais pontos estratégicos que iremos trabalhar, e qual será a estrutura do Governo do Estado que nós defenderemos para a Agricultura Familiar. Estamos também numa discussão da criação da secretaria específica da Agricultura Familiar; já temos uma experiência no Governo Federal e no Ceará. Outro ponto que vamos defender, é o aumento dos recursos para assistência técnica na Agricultura familiar. Outra minha bandeira será a Agroecologia, especificamente as questões ambientais, pois temos muito a percorrer. Precisamos que, de fato, o IBAMA funcione para regulamentar minimamente a relação do homem com a natureza.

Ida & Volta: Podemos dizer que a Agricultura Familiar, Capacitação Técnica e Reforma Agrária serão os pilares do mandato de Manoel Santos?

Manoel: Devem sim, pois esses também são os pilares das organizações sociais e do movimento sindical. Sempre foram os pilares da nossa defesa e atuação.

Ida & Volta: Um trabalhador rural na Assembléia Legislativa, o que significa essa conquista para você?

Manoel: Eu sou muito grato pelo reconhecimento das nossas representações dos movimentos, tive o apoio e a mobilização de diversos segmentos, do comércio e da periferia, mas significativamente do homem e da mulher do campo. Só assim foi possível um trabalhador rural, bisneto de escravos, neto e filho de sem terra, sem terra até 1986, sem curso superior e sem acesso a políticos que me levasse ao caminho da política chegar a Assembléia Legislativa. Foi um gesto de compreensão da nossa causa e reconhecimento do nosso trabalho. Sou muito grato a ser o primeiro trabalhador rural na história do movimento sindical a ser deputado estadual em Pernambuco, isso também me cobre de responsabilidade. Não vou fazer um mandato individual, sem levar em consideração o que o conjunto quer. É claro que não atenderei 100% do que todo mundo quer. Essa vitória não é minha, é nossa. Esse mandato não é meu, é nosso. O sucesso desse mandato será nosso também.

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