ASA PE avalia a parceria com o governo estadual
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Confiram quais são os aprendizados de 2010 e os desafios para 2011 da ASA Pernambuco na entrevista que a comunicadora popular Catarina de Angola fez com o coordenador da ASA Estadual, Aldo dos Santos.
Catarina – Quais os principais aprendizados da ASA PE em 2010?
Aldo – Este ano a ASA PE fez um contrato amplo com o Governo do Estado para a construção de 10 mil cisternas e eu acho que esse foi um grande desafio pela forma de construir o processo de contratação. As cisternas construídas através desse convênio passam por uma dinâmica de escolha um pouco diferente da que a ASA faz, que é a partir das Comissões Municipais. Nesse caso, a escolha foi feita pelos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável. Ao mesmo tempo, isso abre um canal de diálogo interessante com os conselhos municipais para a discussão de algumas políticas para a agricultura familiar no município, como o PAA [Programa de Aquisição de Alimentos] e o PNAE [Programa de Alimentação Escolar]. Outras coisas interessantes desse convênio são a ampliação de parcerias e a própria relação e diálogo com alguns gestores públicos locais. Ao mesmo tempo também fizemos um conjunto de eventos estaduais entre as dinâmicas dos dois programas, o P1MC e o P1+2, como o Encontro Estadual das Comissões Municipais e o nosso próprio Encontro Estadual. Este ano também começamos a pensar um pouco no modelo de gestão e funcionamento das dinâmicas da ASA PE. Escolhemos uma coordenação estadual, algumas comissões, como a de Formação e a de Monitoramento, e também uma coordenação executiva que é composta pelas organizações que estão na Coordenação Executiva da ASA Brasil, que são o Centro Sabiá e a Diocese de Pesqueira, mais o Cecor, o Caatinga e a Diaconia. Além disso, conseguimos nesse processo de planejamento trazer para o debate os povos indígenas, a partir de uma participação do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), o Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Nordeste (MMTR-NE) e as comunidades quilombolas entendendo que ampliar o debate no Semiárido em Pernambuco passa também pela mobilização e articulação de novos parceiros da sociedade civil para que possamos dinamizar as políticas para a região.
Catarina – Quais os desafios para 2011 no cenário do Estado?
Aldo – Eu acho que tem um elemento importante pra ASA PE em 2011 que é o seguinte: mesmo tendo conseguido assinar um contrato de 10 mil cisternas com o Governo do Estado está pautado pra gente ainda ampliar, nas próprias políticas estaduais, a visão da convivência com o Semiárido, pensando para além das cisternas de 16 mil litros, nas cisternas para produção, na educação contextualizada, no fortalecimento das comunidades rurais, a partir da agricultura familiar e camponesa, no acesso a mercados, no fortalecimento do PAA, do PNAE. Associado a isso, outro desafio nosso é tirar do papel um conjunto de ações que foram construídas a partir do Programa Estadual de Combate a Mitigação dos Efeitos da Seca e que a ASA ajudou a construir. A lei já foi aprovada, o plano e a política também. Precisamos em 2011 garantir que isso vá para a prática, a partir da lógica de fortalecer as famílias que estão hoje susceptíveis aos efeitos das mudanças climáticas e do aquecimento global. Além disso, precisamos garantir também recursos efetivos para essas ações. Para o interno da ASA Pernambuco o desafio é fazer, na prática, o novo jeito de funcionamento acontecer de forma dinâmica. Que possamos ter uma articulação no campo da visibilidade e da comunicação, a partir desse nosso funcionamento, para ocupar mais os espaços de visibilidade pública, trabalhar um plano de comunicação que mostre a sociedade essa visão de Semiárido diferente, um Semiárido que tem qualidade de vida, com vida digna para as pessoas que moram nele.