Água para cozinhar e beber, para produzir e para educar
A ASA Minas lançou na última semana o Projeto Cisterna nas Escolas e a série de desenhos animados “Água, Vida e Alegria no Semiárido”. O lançamento aconteceu no dia 7 de dezembro, na Faculdade de Educação da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), em Belo Horizonte. O evento contou com a presença de agricultores e agricultoras do semiárido mineiro, técnicos de ONG’s, agentes de pastorais, professores e alunos da universidade, representante da Secretaria Estadual de Educação, do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e do Núcleo de Estudos de Educação do Campo da UFMG.
Há 10 anos, a ASA tem debatido a convivência com o semiárido através de seus programas. Valquíria Lima, coordenadora executiva da ASA pelo estado de Minas Gerais, conta que a Articulação tem chamado de água de beber, a captação de água de chuva para o consumo humano, e água de produção, a captação de água de chuva para o desenvolvimento da produção das famílias no semiárido. “Com o Projeto Cisterna nas Escolas, estamos implementando uma água para estudar, para que as crianças possam consumir, ter uma boa alimentação, melhor qualidade de vida e, conseqüentemente, melhor aprendizagem”, explica ela.
Em Minas Gerais, o Projeto Cisterna nas Escolas prevê a construção de 107 cisternas de 52 mil litros de captação de água de chuva em escolas municipais da zona rural do Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha. A construção é feita em mutirões e envolve também momentos de formação, com a discussão da educação contextualizada.
Para Valdecir Viana, que faz parte da coordenação executiva da ASA Minas, a Articulação realiza mais do que a obra física da cisterna em si. “Nos desafiamos a fazer um debate mais aprofundado sobre a educação do campo”, explica. Valdecir fala que o debate da educação do campo, na linha dos movimentos sociais, é diferente da educação colocada na sociedade. “Nossa idéia é aprofundar esse debate e trazer a viabilidade da vivência no campo, que é um espaço com uma grande possibilidade de se viver e viver bem”, conclui.
Para Antônio, mais conhecido como Chicão, diretor do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) e agricultor da Comunidade Quilombola de Poções, no município de Francisco Sá, o Programa é uma graça que as comunidades estão recebendo. Ele conta que no seu município nem todas as escolas possuem água. “Algumas têm, mas a água é calcária e não serve pra beber. Água doce são poucas que têm”, afirma.
Marielene Souza, a Leninha da coordenação executiva da ASA Minas, completa dizendo que o mais grave é que as escolas que enfrentam a dificuldade da falta de água, não conseguem trazer para o debate pedagógico questões como o ecossistema, a convivência e o tipo de região que a instituição está inserida. “Mais do que entrar no debate de água na escola com esta tecnologia, é aprofundar e inovar com o debate da educação”, ressalta.
O evento também lançou a série de desenhos animados que integra os produtos pedagógicos do Projeto Cisterna nas Escolas. Leninha afirma que esta é uma “possibilidade de material didático que aproxima de nossa realidade, para pensar a escola para além dos muros”. Os desenhos serão distribuídos a todas as escolas que participam do projeto. A série tem oito episódios de cinco minutos cada e está sendo exibida no Canal Futura, após o Sítio do Pica Pau Amarelo. Toda a série foi produzida com crianças da comunidade de Ponto Novo, município de Riachão do Jacuípe, na Bahia.