Produto agrícola pagará faculdade

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Filhos de produtores rurais do norte do Estado ganham a partir deste semestre um incentivo para cursar a faculdade. Numa iniciativa inusitada, a Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) reinventou o velho escambo: agora alunos filhos de agricultores podem pagar os estudos com produtos.

A família Zanette, de Gaurama, comemora uma conquista na educação da filha Marilene Camila. Concluindo o ensino médio numa escola pública de Gaurama, ela se inscreveu para o vestibular de Engenharia de Alimentos na Uri de Erechim. Mas o pai Carlos Zanette estava perdendo o sono, pensando em como pagaria a faculdade da menina.

– A gente ia tentar um financiamento, porque a renda da propriedade não daria para custear os estudos, conta o agricultor.

O projeto da URI tranquilizou a família, que trabalha com a produção leiteira, aviáriose milho para silagem. As duas filhas mais velhas pararam de estudar após concluir o ensino médio e hoje trabalham numa indústria em Gaurama. Marilene se tornou a esperança do casal, para dar continuidade à atividade da propriedade rural. A menina, já acostumada à lide do campo, pensa nas coisas que vai poder fazer pela propriedade da família, o dia em que se formar.

– Dá para montar uma pequena indústria utilizando aquilo que a gente já produz, para transformar o leite em queijo e manteiga, conta.

A regra valerá para quem cursar as faculdades de Agronomia, Engenharia Agrícola ou de Engenharia de Alimentos. Os aprovados no vestibular de verão que ocorrerá sábado, não pagarão juros e poderão fazer o contrato prevendo o pagamento em mercadorias como soja, milho, feijão, leite, suínos e frangos, conforme a produção de sua família. O produto escolhido é tomado como referência para a quitação do contrato, que poderá ser renovado.

INCENTIVO AO DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA

A renda gerada pela agricultura na região foi um dos motivadores do projeto, conforme o diretor geral da Uri em Erechim, Paulo José Sponchiado.

– Este incentivo vai refletir de forma direta na melhoria da atividade rural, os alunos vão qualificar as propriedades e a produção, salienta.

A regra geral para os moradores do meio – rural tem sido parar os estudos após o ensino-médio, ou então buscar empregos nas cidades. Hoje apenas 10% dos alunos encerra o ensino-médio e retorna ao meio rural. O quadro drástico para as pequenas propriedades, pode ser revertido com um incentivo.

– É uma oportunidade pro filho do produtor estudar e as tecnologias e conhecimentos serão usados na propriedade para aumentar a produtividade _ avalia o engenheiro agrônomo Flávio Bonfada, da Emater Regional de Erechim.

A NORMA

– Valerá para estudantes dos cursos de Agronomia, Engenharia Agrícola e Engenharia de Alimentos.

– Critérios – Estar associado a alguma cooperativa conveniada com a universidade

– Como funciona : Ao fazer a matrícula o estudante, filho de produtor, escolhe o produto para fazer a equivalência. A mercadoria é entregue em uma cooperativa e o valor do produto será repassado à universidade.

– Cotação: Será calculada a média dos preços pagos no último ano pela cooperativa ao produtor.

– Prazo de pagamento – No tempo normal do curso (cinco anos) ou no dobro do tempo (10 anos)

– Imprevisto: em caso de quebra de safra será possível renegociar, mudar o produto ou adiar o pagamento.

AGRONOMIA E ENGENHARIA AGRÍCOLA

Mensalidade de R$ 886,72 = 1.477 litros de leite = 22,2 sacas de soja.

ENGENHARIA DE ALIMENTOS

Mensalidade de R$963,83 = 1.606 litros de leite = 24,1 sacas de soja

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