Moradores aprendem a verificar qualidade da água consumida
As comunidades do semiárido do Ceará e de Minas Gerais são treinadas para atuar como vigilantes da água. O índice de contaminação dos açudes já caiu até 80%. Os moradores passaram até a separar e recolher o lixo.
Nas comunidades do semiárido do Ceará e de Minas Gerais, moradores estão aprendendo a verificar a qualidade da água que consomem.
Mesmo sendo tão rara no sertão, a água nem sempre recebeu o devido cuidado. “Muito lixo, muito lixo. Hoje, está bem menos lixo e pouco a gente vê animais”, contou Seu Danilo.
A mudança começou quando a qualidade da água passou a ser monitorada. Seu Danilo leva as amostras para a escola, onde os alunos aprenderam um método simples para detectar os níveis de contaminação: é só colocar a água em uma caixa aquecida.
“Entre 35ºC e 37°C, se tiver alguma bactéria naquela água, em 30 horas aparecerá”, explicou um estudante.
As comunidades que não têm saneamento dependem do açude para quase tudo. Por isso, os próprios moradores é que são treinados para atuar como vigilantes da água. É como uma guarda permanente para impedir que a contaminação chegue até lá.
Bastou isso acontecer para o índice de contaminação dos açudes cair em até 80%. “É impressionante a maneira como essas pessoas se envolvem nas questões ambientais: retirada de lixo dos mananciais, discussão dos problemas com a comunidade. Isso é o mais importante: essa consciência crítica”, declarou Ênio Girão, engenheiro da Embrapa.
A comunidade passou até a separar e recolher o lixo, que antes tinha outro destino. “Porque isso aqui ficava na beira do açude, nas margens, não está todo mundo vendo aí? Claro que não vai mais, vai pra outro canto. Ele vai ser reciclado agora”, disse a líder comunitária Francisca de Oliveira Abreu.
É a renovação da fonte de vida dos próprios moradores. “Aqui tem o peixe, nós plantamos o feijão, a batata, o jerimum. Tudo vem daqui. Essa água tem que ser limpa, aqui é nossa vida, é a beleza da vida”, declarou Isael.