Sistematização de Experiências

Desde 2004, a Diaconia, o Caatinga e o Centro Sabiá iniciaram um processo de parceria no campo da comunicação para ampliar as ações desenvolvidas pelas três instituições neste campo. O projeto que deu o pontapé inicial foi o da Agenda da Parceria que até os dias atuais continua sendo realizado, já chegando na 7ª edição dessa publicação.

A partir dessa experiência, outras foram se juntando e amadurecendo: realização de oficina de rádio, jornadas de sistematização, intercâmbios, gestão de projetos institucionais, etc. Até batizada a parceria já foi, chama-se DICASA – junção das duas primeiras letras de cada instituição. DI de Diaconia, CA de Caatinga e SA de Sabiá.

A relação de confiança cresceu no respeito às particularidades institucionais e na capacidade dos/as profissionais e das coordenações de se relacionarem numa perspectiva de construção coletiva do conhecimento. Considerando aí, o objetivo comum que as três instituições tem que é o de promover o desenvolvimento da agricultura familiar agroecológica  no Nordeste do Brasil.

O lugar da sistematização na parceria

Na dinâmica de trabalho da Diaconia, do Caatinga e do Centro Sabiá, sempre se observou a necessidade de sistematizar os conhecimentos produzidos e elaborados a partir das ações desenvolvidas nos territórios. Por outro lado, havia também os conhecimentos que as famílias agricultoras acumulavam com suas práticas que são passadas de pai para filho e que não há uma preocupação com o seu registro para que se multipliquem e não se perca no passar do tempo. Diante disso, como promover a agricultura familiar agroecológica praticando-a, multiplicando-a e deixando-a registrada para que as próximas gerações tomem conhecimento da sua existência? Para nós, a sistematização tem esse papel a cumprir.

Para cumprir esse papel, entendemos que a sistematização precisa ser feita de forma participativa e democrática, onde todos/as os/as envolvidos/as possam interagir e definir formas e conteúdos. Dentro dessa visão, as três instituições juntaram seus saberes acumulados para aprofundá-los e melhorá-los no que se refere às metodologias de construção coletiva e de formatação desses processos. A Agenda da Parceria serviu de laboratório para aprofundarmos a prática da sistematização.

Para construir a agenda e os cadernos de experiências nessa parceria, juntaram-se as experiências das jornadas de sistematização praticadas pela Diaconia e os processos de construção de instrumentos de comunicação vivenciados pelo Centro Sabiá. Envolver as famílias e as equipes técnicas das organizações no aprofundamento de conteúdos, na pesquisa e na elaboração e organização dos conhecimentos a serem publicados foi e é um grande aprendizado coletivo.

Hoje, pensar instrumentos de comunicação dentro dessa parceria, sempre nos remete a pensar processos coletivos e democráticos de construção coletiva do conhecimento. Pensar que famílias agricultoras, jovens, técnicos/as, coordenações e assessorias fazem parte desse processo e são importantes para a realização dessa tarefa. No final, a materialização do processo, que é uma agenda, um caderno, uma cartilha, torna-se parte de cada um que vivenciou o processo. E quem recebe, parece receber uma parte da história daquelas pessoas, daqueles lugares aonde ainda não se chegou, mas que ele chegou até você.

E por que sistematizamos?
Para deixar a história e as práticas dos trabalhadores e das trabalhadoras registradas para as futuras gerações;
Para que os conhecimentos sejam multiplicados e ultrapassem as fronteiras;
Para que os conhecimentos gerados nas academias e no meio das famílias agricultoras cheguem ao máximo de pessoas e lugares;
Porque temos um compromisso social e político com os trabalhadores e as trabalhadoras que nos recebem e confiam no nosso trabalho e que, portanto, esperam que sejamos capazes de socializar os conhecimentos que adquirimos ao longo das nossas vidas com todas e todos que têm sede de conhecimento.