Piauí apresenta um novo Semiárido
A Coordenadoria de Convivência com o Semiárido do Governo do Piauí e várias outras entidades públicas e privadas e organizações não-governamentais vêm envidando esforços na busca de soluções duradouras, sustentáveis, através de parcerias e com o envolvimento e participação popular na tentativa de minimizar os efeitos do período de estiagem que afeta extensas áreas do semiárido, colocando em dificuldades a sobrevivência de um grande contingente de produtores rurais.
Nesse sentido, o Projeto Acesso à água para a produção de alimentos para consumo – Segunda Água, por meio do Sistema de Barraginhas, se caracteriza como mais uma alternativa para reduzir o problema da falta de condições adequadas à produção agrícola na região semiárida. Trata-se de uma tecnologia que traz como novidade a captação e o armazenamento de água de chuva na superfície do solo e também no subsolo.
O projeto, realizado pelo Governo do Estado através da Coordenadoria de Convivência com o Semiárido (Casa do Semiárido), em convênio com o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), apresentou ao semiárido piauiense uma tecnologia inovadora e simples para ajudar na convivência com o clima.
No primeiro convênio o Projeto Barraginha entregou 3600 unidades de barraginhas em 12 municípios piauienses. Em 2008 o convênio era entre Governo do Estado, COOTAPI (Cooperativa dos Técnicos agrícolas do Piauí e associados) e Fundação Banco do Brasil. Desde então projeto vem se consolidando como uma realidade no interior do Piauí e começa a projetar uma nova realidade para a zona rural desde seu lançamento.
Em novo convênio estão sendo construído 4000 unidades de barraginhas em 20 municípios, atendendo diretamente as famílias de agricultores e agricultoras inseridas em comunidades rurais, o que também possibilita, concretamente, uma melhor qualidade de vida para as famílias dos municípios contemplados no projeto.
Foram realizadas oficinas de capacitação para multiplicadores e trabalho de campo, com a presença do engenheiro agrônomo Luciano Cordoval de Barros, da Embrapa Milho e Sorgo, de Sete Lagoas, em Minas Gerais. E no decorrer das construções houve a entrega de kits para a implantação dos sistemas produtivos (hortas e pomares), sempre com assistência técnica (seminários de avaliações, monitoramentos, supervisões) da Casa do Semiárido.
A Coordenadoria de Convivência com o Semiárido é o órgão que coordena o Projeto Barraginha no Estado. Para a gestora Lúcia Araújo, a meta do projeto é mais produção de alimentos e segurança alimentar para as famílias do semiárido piauiense. “O Projeto Barraginha também tem o propósito de mobilizar as comunidades e organizações representativas dos agricultores e famílias dos municípios e a integração com outras ações do eixo de convivência com o Semiárido”, declara a coordenadora.
Cisternas no Piauí – A construção de cisternas na região semiárida também é uma política pública que vem beneficiando milhões de pessoas em toda a região. O Programa Cisternas, do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), tem por objetivo a captação da água da chuva por meio de cisternas. Os beneficiários são famílias rurais de baixa renda que não disponham de fonte de água ou meio adequado de armazená-la.
No Piauí, a construção de cisternas tem sido promovida pelas entidades da sociedade civil, através de ONGs, pelo Governo do Estado, através de órgãos públicos, e ainda por prefeituras. Desde 2004 foram construídas um total de 30.719 cisternas, conforme dados inseridos no Sistema Informatizado de Gerenciamento dos Dados do Programa Cisternas, do MDS.
Para Carlos Humberto Campos, representante da Articulação do Semiárido (ASA) e coordenador do Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido, os municípios do semiárido ainda são os mais pobres entre os estados. “Ao longo da história, o semiárido foi deixado de fora das políticas públicas e somente nos últimos anos, com a organização da sociedade civil, e mais recente, com apoio dos Governos Federal e Estadual, tem se desenvolvido novas tecnologias específicas para a convivência com o semiárido, dando prioridade às riquezas da região, como o caju, a castanha, o mel e o criatório de caprinos. Isso mudou o cenário do semiárido”, explica Carlos Humberto.
Projeto Banco de Proteínas – Em 2009, foi realizado o projeto Banco de Proteínas em duas comunidades rurais, nos municípios de Paulistana e Guaribas e os resultados já podem ser observados no processo de capacitação dos criadores em manejo alimentar dos animais. O banco de proteínas trouxe melhoria na qualidade da alimentação animal na cadeia produtiva da ovinocaprinocultura no semiárido, uma vez que consiste em fazer reservas de alimentos para suplemento no período seco.
Em Paulistana, houve a preparação de silagem num total de 3 toneladas pelos criadores beneficiados pelo projeto. E ainda a formação do grupo de vinte criadores, dez no município de Paulistana e dez em Guaribas.
Para Orleans Carneiro, agrônomo e técnico da Casa do Semiárido, o que deu sustentabilidade ao projeto foi o entendimento e compreensão do grupo sobre a importância e necessidade de implementação permanente das ações do projeto. “O projeto foi concluído e é um modelo para o semiárido”, conclui o técnico.
Educação Direcionada
Na área da educação, uma parceria com a Secretaria de Educação e Cultura do Estado (Seduc) tem trazido crescimento e conquistas no campo da educação contextualizada para o semiárido. A Coordenadoria de Convivência com o Semiárido está integrada, assim como a Seduc, na Rede de Educadores do Semiárido Brasileiro (Resab).
O primeiro curso de Especialização em Educação Contextualizada foi uma experiência pioneira no Estado que se iniciou em 2009 e foi concluída com sucesso em 2010, teve três módulos e profissionalizou 57 educadores da região de São Raimundo Nonato.
Um dos objetivos da pós-graduação é oferecer formação continuada para profissionais da educação, visando à atuação de forma comprometida, ética e responsável com a transformação da realidade.
O curso foi realizado pelas várias instituições conveniadas: prefeituras, Governo do Estado, instituições não-governamentais e a própria Universidade. Ao todo, a Uespi firmou parceria com 15 instituições para garantir a oferta. A pós-graduação foi realizada através da Rede de Educação do Semiárido Brasileiro (Resab), da Secretaria de Educação (Seduc), Coordenadoria de Convivência com o Semiárido, Cenpec e Uespi.
Conceição Silva, diretora da gerência de educação contextualizada no campo e representante da Resab no Piauí, explica que a educação contextualizada busca a aprendizagem dos alunos, respeitando sua forma de vida e sua maneira de conceberem o mundo. Assim, entende-se que a educação contextualizada para convivência com o Semiárido é uma educação que brota das experiências de vida e da cultura do povo da região.
Segundo a diretora, muitas experiências que condizem com a proposta têm sido realizadas pelos educadores e pelos alunos nas escolas do semiárido. “Os professores buscam, através da formação continuada, conhecer cada vez mais sobre a região e têm pautado na sala de aula um semiárido onde, mesmo reconhecendo suas adversidades, enfatizam também suas potencialidades”, diz Conceição.
Como parte nesse processo a Coordenadoria de Convivência com Semiárido tomou a iniciativa e publicou, com apoio da Resab, o livro Semiárido Piauiense: Vamos Conhecê-lo?, entregue às escolas da rede estadual e municipal, a publicação tem servido como base de discussão e pesquisa para os alunos.
Outra publicação lançada em 2010 foi o livro Semiárido Piauiense, Educação e Contexto, este é uma coletânea de textos com os conteúdos programáticos do primeiro curso de especialização sobre educação no Semiárido realizada 2009-2010, e que servirá também como instrumento de conhecimento da realidade sócio-econômicos, cultural e ambientais da região.
Os Avanços do Piauí no Selo Unicef
No Piauí, 33 municípios foram certificados pelos avanços alcançados nas áreas da infância e adolescência na segunda edição do selo. O Projeto Selo Unicef – Município Aprovado faz parte do Pacto Nacional Um mundo para a criança e o adolescente do semiárido, uma iniciativa de solidariedade, cidadania e compromisso de todo o Brasil com o desenvolvimento dessa região. O Pacto representa a união de forças entre governo federal, governos dos nove Estados do Nordeste, de Minas Gerais e do Espírito Santo, organizações da sociedade civil, organismos internacionais, empresas e população.
Em cerca de dois anos de mobilização, os 1.130 dos quase 1.500 municípios dos 11 Estados do semiárido (nove do Nordeste, Espírito Santo e Minas Gerais) alcançaram resultados significativos nas áreas da saúde e educação, por meio da mobilização social, do desenvolvimento de capacidades e do monitoramento das políticas públicas implementadas na região. Esse movimento tem buscado contribuir, também, para a conquista dos objetivos de desenvolvimento do milênio.
No Piauí, foi instituído um comitê gestor do Pacto Um Mundo para a Criança e o Adolescente no Semiárido, formado por entidades governamentais e ONGs. A Casa do Semiárido faz parte desse comitê e trabalhou junto com o Unicef na mobilização dos municípios, atuando como parceiro nas atividades realizadas durante o período de gestão da metodologia até a premiação.
Para Rui Aguiar, gestor de programas do Unicef, “o Piauí tem um grande diferencial, pois o Estado criou uma coordenadoria e isso tem facilitado a mobilização e ação das instituições que atuam no Comitê Estadual. Dessa maneira, o trabalho do comitê é orientado pelo desenvolvimento de ações na área de comunicação, educação, saúde e assistência social.”
Ele cita ainda a criação de um material didático desenvolvido pelo Governo para introduzir no currículo de ensino fundamental uma visão moderna e abrangente do semiárido e a divisão territorial que ocasionou na rapidez da atualização de informações necessárias para o trabalho de acompanhamento do comitê. “O governo do Piauí demonstra em seus documentos e pronunciamento de seus gestores um alto compromisso com o semiárido, colocando o tema em todas as suas ações administrativas”, ressalta o representante do Unicef.
O Resultado desde empenho é observadas no aumento dos números de inscrições nas três edições ocorridas no Piauí. Na primeira edição 116 municípios se inscrevem, na segunda o numero passou para 141, já na ultima edição do Selo, lançado em 2009, o numero de adesões é de 167.