Celebração do 3º ano de Fundo Rotativo Solidário reúne cerca de 40 pessoas

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Neste último sábado (16 de outubro), dia em que é comemorado pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) o dia Mundial da Alimentação, a comunidade de Caiçarinha, região de Pedra Lavrada/PB, juntamente com o Coletivo Regional, Patac, Heifer e Coonap celebraram o 3º aniversário do Fundo Rotativo Solidário de Animais.

O evento, realizado na sede da Associação Comunitária da Comunidade de Caiçarinha, Assentamento Belo Monte, contou com a presença de cerca de 40 pessoas. As lideranças fundadoras do assentamento deram seus depoimentos de forma emocionante, relembrando os momentos difíceis que passaram no começo, quando chegaram na área.

Dona Maria do Carmo, uma das principais lideranças fundadoras da comunidade, relembrou, com muita emoção alguns momentos desse período. “Quando a gente chegou aqui, teve dias de passar fome, porque não tinha água pra cozinhar e nem tinha dinheiro pra construir uma cisterna”, conta.

Os agricultores e agricultoras da comunidade contam que a vida na comunidade mudou muito a partir da participação em atividades e reuniões do Coletivo Regional. Com a troca de experiências e o apoio de alguns projetos, as famílias tiveram acesso aos primeiros recursos do projeto Transição Agroecológica no Semiárido Paraibano, que deu origem ao Fundo Rotativo Solidário de Animais. Com isso eles conseguiram implementar algumas outras experiências como a reforma do tanque de pedra da comunidade e a produção de canteiros econômicos.

A experiência com a partilha de animais através do FRS demonstra que a agricultura familiar desenvolvida através dos princípios da agroecologia e solidariedade, cada vez mais, tem possibilitado a consolidação de um projeto de desenvolvimento que visa à convivência com o semiárido e à segurança alimentar das famílias agricultoras.

O Fundo Rotativo de Animais funciona da seguinte maneira: uma família adquire um benefício, assume a responsabilidade de contribuir mais adiante com a poupança, devolvendo o valor (nesse caso, não em dinheiro) do bem recebido, para que ela ou outra família possa ser beneficiada futuramente. Dessa forma, o fundo nunca fica vazio. O objetivo principal desse projeto é ajudar as famílias a formar seu rebanho ou melhorar sua criação por meio do repasse de crias.

Marilene Melo, representante da Heifer, instituição americana de apoio a projetos no Brasil e na Argentina, afirma que “as famílias agricultoras do nordeste brasileiro, já possuem normalmente em sua cultura histórica uma prática de solidariedade, para além de partilhar os animais, sementes e alimentos que produzem. Também partilham algo superimportante: o conhecimento e a experiência de homens e mulheres que foram aprendendo ao longo do tempo a conviver numa região tão difícil como essa”.

Após a celebração de abertura oficial, as primeiras famílias beneficiárias, partilharam a reprodução das ovelhas e caprinos com outras famílias da comunidade.

Dona Mariquinha e Seu Geraldo, uma das famílias que repassaram os animais, contam sobre o que sentiam neste momento. “Como recebemos antes os seis animais e hoje estamos repassando outros seispra essa família que também precisa, pra mim é uma grande alegria. Nos sentimos muito felizes e desejamos pra todos nossos companheiros assentados que eles possam ter um bom resultado com a criação desses animais e ser feliz como nós, que isso daqui foi um grande futuro que fizemos para o nosso assentamento”, explicam.

Após o repasse dos animais, todos e todas presentes compartilharam um saboroso almoço regional, feito com produtos produzidos no próprio assentamento: carne de criação, buchada, galinha caipira, saladas, arroz, feijão e sucos.

A comunidade reafirmou o compromisso em dar continuidade ao Fundo Rotativo Solidário de Animais até que pelo menos todas as famílias tenham sido beneficiadas pela partilha dos animais.
Fundo – porque reúne recursos (financeiro, mão-de-obra, sementes, animais, etc); Rotativo – porque esses recursos giram, circulam entre todos os participantes e Solidário – porque quem recebe o benefício também pensa e divide o que tem com o outro.

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