Projeto Mãos Femininas Preservando a Vida da Caatinga conquista o Sertão do Pajeú
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A Casa da Mulher do Nordeste (CMN) está fortalecendo, em comunidades e assentamentos de vários municípios do Sertão do Pajeú, as ações do Projeto Mãos Femininas Preservando a Vida da Caatinga. A iniciativa, que vem ganhando força a cada ano, surgiu em 2008, a partir da preocupação de mulheres dessa região com a devastação do bioma, resultante, entre outros fatores, do manejo inadequado de espécies nativas. Um dos motivos da retirada indiscriminada de lenha da caatinga é a necessidade de uso diário dessa matéria-prima no cozimento dos alimentos. Nesse sentido, elas também fizeram várias reflexões sobre o que era possível fazer para reverter essa situação, até chegar, com a contribuição da CMN, a algumas estratégias importantes.
As mulheres envolvidas com a proposta são agricultoras de base familiar e assentadas de re-forma agrária, que desenvolvem experimentos de produção agroecológica: alimentos e pequenos animais, nos municípios de Afogados da Ingazeira, Flores, Tabira e São José do Egito.
O projeto começou a partir de uma parceria com o Instituto HSBC Solidariedade e a Embaixada da Finlândia, mas, com o tempo, foi mobilizando outros parceiros, como o Projeto Dom Hélder Câmara, através do Fundo de Investimento Ambiental do Projeto Sertão.
Durante a primeira etapa dos trabalhos, as mulheres foram capacitadas sobre a temática da conservação da caatinga e receberam mudas das espécies vegetais Nim e Sabiá. O objetivo foi estimular as beneficiárias a fazerem o plantio, no entorno de suas casas (cercas vivas), de espécies de rápido crescimento, produtoras de lenha, e que pudessem também ter outros usos, como servir de forragem para os animais. Essa ação contribui com a diminuição da retirada de lenha da caatinga.
Para complementar essa perspectiva de cuidado com o meio ambiente, foi iniciado o trabalho com ecofogões, uma tecnologia que tem como grande potencial o baixo consumo de lenha (redução em até 50%), além da eficiência no cozimento da alimentação. Ele também minimiza os problemas à saúde causados pela fumaça e fuligem dos fogões à lenha convencionais e diminui o tempo e esforço do trabalho da mulher, que antes fazia o transporte de grandes quantidades de lenha para o cozimento dos alimentos.
Além das famílias de assentamentos e comunidades, receberam os ecofogões a Unidade de Beneficiamento do Grupo de Mulheres Xique-Xique, da comunidade de Monte Alegre, e o Grupo de Mulheres Flores do Campo, de Pereiros.
Hoje, o ecofogão já está difundido no Sertão do Pajeú, com mais de trezentas unidades entregues, e são mais de 20 mil mudas de Nim, Sabiá e Moringa plantadas ao redor das casas, nos quintais das mulheres. Outras organizações que atuam no campo da agroecologia já adotaram a tecnologia e estão fazendo a disseminação em diferentes comunidades.
Fala mulher
“Foi boa a chegada do fogão, economizou dinheiro. O cozimento é mais rápido do que o fogão a carvão. O carvão é preciso comprar, mas com o ecofogão, posso colocar restos de madeiras, pedaços de varas, tocos. O feijão num instante cozinha, sem fumaça. Plantei as mudinhas de Nim e Sabiá ao redor de casa, onde é admirada por todos que passam no meu terreiro.” Dona Maria José, Zezé, Comunidade de Pereiros, Flores/ PE
“Para mim, esse fogão foi a maior riqueza que a CASA trouxe. Hoje, eu sou reconhecida por todos pelo trabalho que faço com a venda dos doces. Antes, comprava cinco sacos de carvão à R$ 8,00 e dava R$ 40,00 por mês.Tinha que comprar todo mês. Hoje, saio para roça e venho com pedaços de tocos de lenha que dá para cozinhar. Pense num fogão quente!” Dona Maria das Dores , Sítio Rodeador, Comunidade de Monte Alegre, Afogados da Ingazeira/PE