Crédito agrícola para produtor
Crato. Mesmo diante de uma seca que desestimula as atividades agrícolas, técnicos da Empresa de Assistência técnica e Extensão do Ceará (Ematerce) de 20 Municípios do Cariri se reuniram na Escola Agrotécnica Federal. O objetivo é divulgar linhas de crédito para os pequenos produtores rurais, informações muitas vezes desconhecidas pela maioria deles.
Apesar da pobreza e do limitado estoque de capital humano, a agricultura familiar é responsável pela produção de gêneros para alimentação humana, segundo destaca o gerente regional da Ematerce, Adonias Sobreira. “Dada a importância social e econômica do segmento, é inequívoco assumir que o combate à pobreza rural no Nordeste deve estar na qualidade de vida dos agricultores familiares”, argumenta.
Adonias Sobreira acrescenta que o objetivo do encontro é propiciar condições para aumentar a capacidade produtiva, a geração de emprego e renda, melhorando a qualidade de vida dos agricultores familiares. Ele cita casos de produtores que, mesmo ocupando uma pequena área, são capazes de manter uma renda familiar acima de R$ 10 mil por mês.
A ideia é libertar os agricultores da dependência da chuva. “Existem alternativas que garantem a sobrevivência do agricultor”, afirma o técnico da Ematerce, chamando a atenção dos técnicos para que levem informações para a zona rural. O trabalhador não deve ficar restrito somente às informações dos gerentes de bancos.
“Existem projetos de convivência com o semiárido, focados na sustentabilidade dos agroecossistemas, priorizando projetos de infraestrutura hídrica e implantação, ampliação, recuperação ou modernização das demais infraestruturas, inclusive aquelas relacionadas com projetos de produção e serviços agropecuários e não agropecuários, de acordo com a realidade das famílias agricultoras da região”, complementa.
Com 76 anos, 60 dos quais dedicados ao corte de cana e à agricultura, o tocador de pífano Raimundo Aniceto, líder da banda cabaçal “Irmãos Aniceto”, vive exclusivamente da agricultura. “Lá em casa nunca faltaram arroz, feijão e milho”, diz, acrescentando que nunca precisou dos programas sociais do governo nem nunca entrou num banco parta solicitar empréstimo.
Raimundo faz parte de 20% dos pequenos produtores que não procuram os empréstimos agrícolas. É justamente este contingente de agricultores que precisam ser incluídos nas linhas de crédito para custeio da produção, investimento ou para a comercialização da produção. A meta é integrá-lo à cadeia de agronegócios, proporcionando aumento de renda e agregando valor ao produto e à propriedade, mediante a modernização do sistema produtivo, valorização do produtor rural e a profissionalização dos produtores familiares.
O agente de desenvolvimento do Banco do Nordeste, Esly Almeida Filho, que participa do encontro, afirma que na instituição não há limites de recursos. O banco dispõe de financiamentos para todos os setores. O problema é que a maioria desconhece as linhas de financiamento. O representante do banco recomenda também a necessidade de assistência técnica, uma função que cabe à Ematerce e, segundo os trabalhadores rurais, foi desmontada. Há 26 anos, a Ematerce não promove concurso. Os novos técnicos que atuam na região são terceirizados, revela um agrônomo, pedindo para não ser identificado.
Esly relaciona uma série de linhas de créditos para o semiárido, a começar pelo Pronaf Mulher, destinado a projetos específicos de interesse das esposas ou companheiras dos agricultores familiares, sempre que o projeto ou proposta contemplar atividades agregadoras de renda.
Para os jovens, o Pronaf Jovem concede crédito especial de investimento relacionados com projetos específicos de interesse de pessoas entre 16 a 25 anos, que tenham concluído ou estejam cursando o último ano em centros familiares de formação por alternância, em escolas técnicas agrícolas de nível médio ou que tenham participado de curso de formação profissional.
O Pronaf também oferta uma linha especial para os agricultores da região do semiárido, destinados à construção de pequenas obras hídricas, como cisternas, barragens para irrigação e dessalinização da água, com juros de 1% ao ano e prazo para pagamento de 10 anos, com até três anos de carência. Já a modalidade agroindústria é destinada a grupos que comprovem, em projeto técnico, que mais de 70% da matéria-prima a ser beneficiada ou industrializada seja de produção própria ou de associados participantes.
Recursos
“E no momento de crise que o agricultor aprende a conviver com o semiárido”
Adonias Sobreira
Gerente da Ematerce
“O banco tem recursos, mas os produtores desconhecem as linhas de crédito”
Esly Almeida Filho
Agente de Desenvolvimento do Banco do Nordeste
MAIS INFORMAÇÕES
Escritório Regional da Ematerce, Praça Filemon Teles, S/N, ao lado do Parque de Exposições
(88) 3102.1293