Organização da ASA-PE apresenta Projeto Cisternas nas Escolas na região do Araripe

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Na última quarta-feira (15/09), o Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e Instituições Não-Governamentais Alternativas (Caatinga), uma das Unidades Gestoras Microrregionais (UGMs) do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC), em Pernambuco, realizou um encontro para discutir o Projeto Cisternas nas Escolas.

O encontro aconteceu no município de Ouricuri, região do Araripe de Pernambuco, onde estiveram presentes representantes do poder público dos municípios de Araripina, Ouricuri, Trindade, Moreilândia, Exu, Parnamirim, além do Supervisor Local do Projeto Dom Helder Câmara (PDHC), Hélio Nunes, de integrantes dos Conselhos Municipais de Assistência Social e de Educação e de membros das comissões municipais da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA) no território do Araripe.

Na ocasião, foi feita uma apresentação sobre a atuação do Caatinga na região. Logo em seguida, o representante da coordenação executiva da ASA Pernambuco, Reginaldo Alves, fez uma explanação sobre a rede e o trabalho de convivência com o Semiárido que a Articulação desenvolve através dos seus Programas de Formação e Mobilização Social: Uma Terra e Duas Águas (P1+2) e Um Milhão de Cisternas (P1MC).

No segundo momento do encontro, os participantes puderam conhecer as ações que serão desenvolvidas nas escolas a partir do Projeto Cisternas nas Escolas. Na oportunidade foram apresentados os municípios que terão escolas atendidas pelo projeto. O objetivo foi mostrar a importância do envolvimento dos atores sociais, da sociedade civil, comunidades rurais e governos municipais na mobilização e execução do projeto.

Ainda durante o encontro, os representantes municipais presentes ratificaram a importância do projeto no que se refere ao acesso à água nas escolas e se comprometeram em levar a discussão para suas equipes nos municípios.

No encerramento do encontro a Coordenadora do P1MC no Caatinga, Geangela Lucena, falou que será disponibilizado o levantamento das escolas para as secretarias de educação, para que posteriormente seja agendada uma reunião com os representantes de cada município e integrantes das comissões municipais da ASA. O objetivo é selecionar as escolas que serão atendidas pelo projeto e beneficiadas com uma cisterna de placas, que tem capacidade para armazenar 52 mil litros de água para o consumo humano.


Leia abaixo, a entrevista que a Comunicadora popular da ASA, Mariana Landim, fez com o representante da coordenação executiva da ASA Pernambuco, Reginaldo Alves, sobre o Projeto Cisterna nas Escolas.
Mariana – Como surgiu a ideia e qual o objetivo da ASA na execução do Projeto Cisterna nas Escolas?
Reginaldo –
Essa é uma demanda de uma discussão política que existia no Consea [Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutrucional], já que o Conselho debate essa questão da água nas escolas há um bom tempo e na plenária que ocorreu em 2009, no Recife, essa demanda foi apresentada mais fortemente. O Consea, a partir de um debate feito também com o Unicef, trouxe para ASA esse desafio de iniciar um projeto experimental que pudesse criar referenciais de acesso à água nas escolas. Isso seria não somente a construção da cisterna em si, mas trazer consigo o debate da educação contextualizada, a ideia da cisterna como elemento mobilizador, como um instrumento de debate em torno da comunidade escolar.

M – Como foi feita a escolha dos municípios que terão escolas atendidas e como ocorrerá o processo de mobilização?
R –
As escolas que serão selecionadas partem de um levantamento que o MEC apresentou, através de um diagnóstico sobre a situação escolar que apresenta uma relação de escolas que até então não tinham acesso à água e essa listagem foi apresentada a UGM Caatinga. Nós fizemos uma visita de campo em mais de 400 escolas dos municípios do Araripe e essas visitas constataram se a escolas tinham água ou condições de acesso á água. Algumas escolas que não estavam na listagem do MEC foram inseridas como escolas com dificuldades de acesso à água. A partir desse levantamento, a gente terá um debate com a comissão municipal da ASA e a gestão municipal, para que a gente possa priorizar as escolas que serão atendidas pelo projeto.

M – A ASA trabalha a temática do acesso à água junto à questão do processo de formação que está atrelado à gestão da água pelas famílias que são beneficiadas com o reservatório do P1MC. No caso do Projeto Cisternas nas Escolas, como será trabalhada a gestão da água?
R –
Nesse caso, a gestão é um pouco mais complexa. Haverá um reservatório de água que apesar de captação de água da chuva, ele também será reabastecido. Mas, esse reabastecimento precisa ser feito com todo cuidado, assegurando o principio da qualidade da água. Nós vamos fazer um processo de capacitação, de envolvimento de professores, de coordenação pedagógica, de alunos/as, de pais, enfim, para debater a gestão da água, que vai acontecer a partir de um diálogo com a comunidade escolar. A ideia é também fazer um debate mais amplo sobre a gestão da água no Semiárido.

M – A ASA leva o debate de convivência com o Semiárido através do seus programas: P1MC e P1+2. Com o Projeto Cisternas nas Escolas, acredita-se que esse debate será feito junto com os/as professores/as, alunos/as, enfim, isso já foi pensado?
R –
Esse também é o grande propósito do projeto. A gente não quer construir uma cisterna por construir, assim como tem a cisterna familiar que dizemos que vem cheia de conhecimento, então a cisterna na escola é para promoção do conhecimento. Ela traz junto consigo a ideia de estimular a comunidade escolar a debater a convivência, de inserir na comunidade escolar metodologias, materiais didáticos voltados para o debate da educação contextualizada. O grande papel da cisterna é que ela possa ser um instrumento de mobilização para debater a convivência, a agroecologia e cidadania, na perspectiva do direito das crianças e adolescentes de ter uma educação digna. A água faz parte disso.

M – Quais os resultados que estão sendo esperados pela ASA e pelas organizações envolvidas no projeto?
R –
A nossa expectativa enquanto Caatinga é que os municípios possam se envolver no projeto politicamente, metodologicamente, de forma que isso seja tido como um ganho, uma experiência. Esperamos que os municípios se envolvam no processo de seleção das escolas, de construção das cisternas, mas que acima de tudo se comprometam com o futuro de manutenção dessa referência. Com isso, nós desejamos a partir da mobilização nas escolas, criar novos referenciais em educação contextualizada, que possam influenciar nas políticas municipais de educação para que a gente discuta educação no contexto das famílias rurais.

 

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