Relato da visita de campo de um técnico do P1MC

Compartilhe!

Carlos Magno é assessor técnico do Programa Um Milhão de Cisternas e, a partir de uma visita que fez a uma comunidade rural na divisa entre os estados do Rio Grande do Norte e Ceará, escreveu um relato que tem como mérito nos aproximar da realidade, dos anseios e das alegrias das famílias beneficiadas pelas cisternas. 

“A visita aconteceu no município de Tibaú, que possui uma grande produção de sal, e a comunidade visitada foi a de Vila Nova, distante mais ou menos 5 Km do mar.

O Rio Grande do Norte possui uma característica muito específica: apenas 5% do estado não é Semiárido. Isso explica o fato de se encontrar comunidades semiáridas ao lado do mar, como a que visitamos. A única diferença perceptível destas com as regiões localizadas no sertão do Seridó, por exemplo, é a composição do solo. Próximo ao mar, o solo é totalmente arenoso, onde as famílias cavam os buracos apenas com pás.

Esta comunidade fica muito próxima do lixão da cidade, onde são criados animais soltos. Da forma em que está, o lixão funciona como grande fonte de contaminação  para as famílias da localidade.

Há cerca de dez anos, as famílias vieram morar na comunidade. Cada uma possuía, em média, cerca de 15 hectares, pois as terras estavam abandonadas e o Incra autorizou a ocupação, que até hoje não foi legalizado.

As principais atividades das famílias são a agricultura e a pecuária. Muitas casas são ainda de taipa, mas estão sendo substituídas por casas de alvenaria construídas através do projeto “Minha casa, minha vida”, em parceria com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Tibau.

Francisco das Chagas mora com mais quatro pessoas. A água que bebem é colocada de carro-pipa e não é boa, mas não tendo outra são obrigados a tomá-la. O material para construção da cisterna havia chegado na casa e o buraco já estava cavado. A família participou do curso de GRH e recebeu todo o material. A esposa de seu Francisco está muito feliz por receber a cisterna e quase não acreditou que iriam ser contempladas com a construção. Precisou ir com o marido na sede da Coopervida confirmar a informação. Ao redor do buraco da cisterna, há muitas árvores. Falei sobre a importância da cisterna e que ela é fruto de muita luta e é um direito conquistado pelas famílias no Semiárido.

Visitamos também a família de Tadeuza Eliza de Souza, cuja água que consomem é comprada na cidade. Fizemos um cálculo do valor que seria gasto por ano para água de beber. Chegou em R$ 600,00. Os cisterneiros estavam já construindo a cisternas (fazendo o piso) e Damião de Souza, marido de dona Tadeuza era o servente na construção. A família possui um poço a menos de 10 metros da casa com água encanada de boa qualidade. Existem muitas árvores ao lado da cisterna.

A família de Maria José do Nascimento Augusto possui cinco pessoas, dentre essas três crianças. Eles também bebem água do carro pipa. Eles têm muitas dificuldades com água e disse que no inverno juntavam muitas vasilhas para colher a água de chuva, mas acabava muito rápido. Eles contaram que, apesar daquela residência estar localizada no municipio de Icapuí/CE, a única coisa que possuem do CE é a energia elétrica, fornecida pela COELCE. As famílias daquela comunidade sempre se identificaram com o Rio Grande do Norte. Na cidade de Tibau, segundo Maria José, a água, educação, saúde, programas sociais, são todos do municipio de Tibau, inclusive votam neste município.”           
 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *