Economista defende uma aliança mundial

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FORTALEZA – Foi uma passagem relâmpago. Praticamente cronometrada no relógio. Mas em pouco menos de uma hora de palestra, proferida durante a 2ª Conferência Internacional sobre Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas, a Icid 2010, que termina hoje em Fortaleza, o economista norte-americano Jeffrey Sachs tocou em todas as feridas que envolvem o processo de enfrentamento ao aquecimento global e à desertificação no planeta.

Um dos nomes mais respeitados do mundo nas discussões sobre desenvolvimento sustentável, Sachs foi direto. “Estamos fracassando, perdendo essa batalha em nível global. Caminhamos em direção à catástrofe.” Ele convocou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e demais líderes dos países com grandes porções semiáridas a criar uma aliança internacional para enfrentar o problema.

Sachs defendeu que a união de líderes de nações como Brasil, México, Paquistão e outros países da África dariam peso político às discussões e criariam uma pressão internacional em buscas de soluções para as regiões semiáridas. “Seria uma aliança poderosa. Não só a voz da ciência, mas a dos líderes políticos também. Ainda estamos sem liderança mundial em torno do assunto”, afirmou.

Um dos pontos mais importantes, segundo ele, a ser tratado por essa aliança é a questão dos fundos de financiamento. “Juntos, os países atingidos pela desertificação poderiam pressionar as nações desenvolvidas a pagar uma taxa pela emissão de carbono. É justo que quem mais polui pague a conta mais alta.”

Em vez de apresentar dados científicos, já conhecidos dos ambientalistas, o especialista apoiou seu discurso numa análise política e econômica. E foi implacável com a postura dos Estados Unidos diante das mudanças climáticas. “É preciso dizer a verdade. Não podemos encobrir a realidade. Temos uma coleção de idiotas e ignorantes dentro do Senado Americano. Os Estados Unidos é o principal agente do fracasso na luta contra o aquecimento global. Eles são omissos moral e politicamente”.

A insistência dos Estados Unidos em resolver as diversas questões de conflitos nas regiões semiáridas do planeta com força militar foi outro ponto duramente criticado pelo economista. “O governo do EUA culpam a Al-Qaeda porque eles não entendem o que é uma briga por alimento e água. A solução para a fome não virá do Pentágono.”

Jeffrey Sachs afirmou que os Estados Unidos deveriam melhorar seus conhecimentos sobre as áreas conflituosas do mundo, que, “não por coincidência”, são exatamente aquelas inseridas das regiões semiáridas, onde estão as populações mais pobres e necessitadas. “Nelas, os engenheiros militares seriam mais úteis ensinando a cavar poços para a procura de água do que desenvolvendo artefatos bélicos”, opinou.

Campanha -O economista também não poupou as grandes redes de comunicação norte-americanas e citou expressamente o Canal Fox, do empresário Rupert Murdoch, e o Wall Street Journal, como integrantes de uma campanha na mídia para desacreditar o conhecimento científico produzido em relação às mudanças climáticas.

“É um jogo pesado. Eles mentem o tempo todo. Existe uma estratégia de marketing por trás disso. Nós, cientistas, defensores da informação, não temos os bilhões de dólares das indústrias de petróleo. Mas temos o compromisso com a verdade. E não vamos abrir mão dela.”

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