ONU lança plano contra desertificação
FORTALEZA – O plano decenal de combate à desertificação das Nações Unidas foi lançado, oficialmente, ontem, em Fortaleza, durante a abertura da 2ª Conferência Internacional sobre Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Áridas e Semiáridas, a Icid 2010, que reúne cerca de 100 países atingidos pelo problema da desertificação. O lançamento foi feito pelo secretário-executivo da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação, Luc Gnacadja. Ele alertou que os prognósticos para a próxima década são pessimistas, caso nada seja feito para reduzir os efeitos da devastação ao meio ambiente nas áreas semiáridas.
“Por ano, 12 milhões de hectares são destruídos, área que corresponde ao território do meu país. É como se um Benin desaparecesse por ano. Isso não é sustentável”, afirmou o africano, usando o país de origem como base de comparação para mensurar os estragos causados ao planeta.
A Década sobre Desertos e de Combate à Desertificação é uma agenda de eventos que será promovida pela ONU, até 2020, para chamar a atenção do mundo para as dimensões alarmantes da desertificação. “A conferência deverá apresentar resultados políticos e insumos técnicos. Espero que este encontro, em Fortaleza, seja um marco na mudança de curso das ações. Caso contrário, teremos uma explosão nas migrações, aumento da insegurança alimentar e mais casos de comoção social”, ressaltou Luc Gnacadja.
O secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, José Machado, disse que vai defender que o Brasil seja signatário do pacto lançado ontem pela ONU, a exemplo do que já acontece em relação à Década da Água para a Vida, promovida em 2005. “O desmatamento já destruiu 45% da Caatinga. Não conter a desertificação é dar um tiro no próprio pé. Vamos perder patrimônio, deixar de produzir riquezas para o País”, afirmou José Machado, que esteve no evento representando a ministra do Meio Ambiente IzabellaTeixeira.
Mais de duas mil pessoas estão participando da Icid 2010, que segue até a próxima sexta-feira, na capital cearense. Ao final do encontro, será redigida a Carta de Fortaleza, com proposições de políticas públicas que pretendem influir na agenda da Cúpula das Nações Unidas para o Meio Ambiente, a Rio + 20, que será realizada no Rio de Janeiro, em 2012.
No Brasil, os custos das perdas de solo chegam a US$ 5 bilhões por ano, o equivalente a 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB) e afetam negativamente a vida de mais de 20 milhões de brasileiros.