Governo paraguaio visita experiências da ASA no Agreste de Pernambuco
Paraguaios conferem cisterna da ASA |
Na última sexta-feira, dia 06, representantes do governo paraguaio e do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) brasileiro estiveram no município de Cumaru, Agreste Setentrional de Pernambuco, para conhecer a experiência da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA) com captação de água da chuva. O governo paraguaio pretende replicar a experiência no país com a construção inicial de 50 cisternas.
Num primeiro momento os visitantes conversaram com representantes da Comissão Municipal da ASA, no Sindicato de Trabalhadores/as Rurais (STR) de Cumaru, para entender o processo de mobilização social dos programas na região. A comissão se colocou como um ator político municipal que contribui com a execução dos programas da ASA. “O trabalho da comissão não é remunerado e a minha participação nela foi incentivada pelo fato de eu ter recebido uma cisterna. Eu quis contribuir para que outras famílias também pudessem ter aquela tecnologia que tanto contribuiu para a minha família”, explicou a agricultora Joelma Pereira, integrante da comissão.
Reunião com representantes da Comissão Municipal |
Para Adeildo Fernandes, coordenador do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), pela Unidade Gestora Territorial Centro Sabiá, sem a comissão o andamento das construções ficaria muito difícil. “Áreas prioritárias poderiam deixar de receber as cisternas. Ninguém melhor do que a comissão para identificar as famílias mais necessitadas em seus municípios”, disse Adeildo. E completou: “Com o tempo a comissão passou a perceber a necessidade de se discutir outras questões para além dos programas da ASA, como agroecologia, criação animal, crédito, entre outras questões, para as famílias agricultoras.”
Após a conversa, os visitantes seguiram para as comunidades rurais Queimadas e Pedra Branca. Na primeira visitaram a experiência da família de agricultores Luis Eleutério e Josefa Gonçalves, conhecida como Zezilda. Eles têm uma cisterna que armazena 16 mil litros de água, para beber e cozinhar, do Programa Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC), da ASA, desde o ano de 2003. “Eu perdia muito tempo carregando água quando não tinha minha cisterna. Era um tempo muito difícil, além do mais a água era barrenta, imprópria para beber”, relembrou o agricultor. E explicou que a água da cisterna dura o ano todo. “Desde quando foi construída essa cisterna ela nunca secou, pois temos a preocupação de não desperdiçar a água nos tempos de estiagem”, disse seu Luís.
Visitantes adquiriram produtos beneficiados da agricultura familiar |
Na sua propriedade, a família de seu Luís tem uma produção agroecológica e cria animais. Ele e dona Zezilda beneficiam quase toda sua produção. Os produtos beneficiados pela família, como mel, licor, queijo, manteiga e ricota, estavam expostos e os visitantes aproveitaram para levar alguns produtos em suas bagagens na viagem de volta. Em seguida foi a vez da agricultora Joelma receber os visitantes, agora em sua casa, em Pedra Branca. Foi lá que toda a delegação almoçou e logo depois conheceu a experiência de sua família com a barragem subterrânea, tecnologia do Programa Uma Terra e Duas Águas, também da ASA. Com a barragem subterrânea a família tem fortalecido a produção de alimentos.
Para Jorge Vázquez, coordenador nacional do Projeto de Construção de Soluções Sanitárias do Ministério da Saúde do Paraguai, os programas da ASA são muito interessantes e mostram ótimos resultados e por isso o Governo Paraguaio deseja replicar a experiência no país. Ele também ressaltou a importância das comissões municipais e do envolvimento das famílias na execução dos programas. “O envolvimento das pessoas é essencial. Se não há participação esse trabalho é mais difícil”, concluiu.
Letícia Santana, assessora da Secretaria de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS, explicou que a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) deverá financiar a construção das primeiras 50 cisternas no Paraguai.