Primeira cisterna-calçadão construída em Juazeiro torna-se modelo de produção familiar
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A cisterna-calçadão localizada bem ao lado da casa de seu Ginaldo Alves e dona Sandra Gomes foi a primeira construída na região de Juazeiro, na Bahia. A propriedade do casal fica em Gangorra, a 25 quilômetros do município e está se tornando em um modelo de produção familiar. Na época, em julho de 2008, quando o Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) começava a ser implementado na região, seu Ginaldo, mais conhecido por Dadá lembra que ofereceu sua propriedade para realizar o primeiro curso de pedreiros e ao mesmo tempo construir a primeira cisterna-calçadão em Juazeiro.
Naquela época, em entrevista a um programa de rádio da região, Dadá e dona Sandra falavam da expectativa em ver a cisterna cheia de água e ajudando a família a produzir de forma natural, muitas frutas e verduras na comunidade. Isso porque as pessoas do local tinham o hábito de produzir verduras de modo convencional, usando venenos e agrotóxicos. Aliás, na região banhada pelo rio Salitre, os cultivos de cebola, melão e outras culturas ainda são produzidos à base de muitos insumos químicos.
Dois anos depois, tanto seu Dadá como dona Sandra, e a jovem Bruna, filha caçula do casal, se orgulham com os resultados da primeira cisterna-calçadão construída. Em volta de toda cisterna, a família já colhe uma diversidade de frutas e verduras como coentro, alface, cebola, pimentão, maxixe, manga, melão e principalmente maracujá, a fruta que predomina em toda a área plantada.
Seu Dadá conta que as safras do maracujá ocorrem a cada três meses e as colheitas são feitas semanalmente, quando ele leva para uma das maiores feiras de produtos agrícolas do Nordeste, A Feira do Mercado do Produtor, uma média de dez sacos vendidos a R$ 10,00 cada. O preço do produto varia muito, mas a família já assegura com estas vendas uma média de R$ 400,00 por mês. A família lembra que, embora o maracujá seja o produto mais vendido atualmente, a safra da pimenta, que ainda é pequena, também gera uma renda para família, que só comercializa a produção depois de garantir o abastecimento da casa.
Os bons resultados obtidos pela família a partir da diversidade de produção de verdura e frutas também se deve à forma de cultivo adotado. Nas plantações, eles não usam nenhum tipo veneno ou insumo químico, e sim, o esterco de cabras e os restos de culturas, que servem para fabricar o composto orgânico que aduba o solo e melhora a plantação. A família e os consumidores percebem a qualidade dos produtos que além de saudáveis têm um sabor muito mais agradável do que os cultivados à base de veneno.
O casal avalia o quanto uma propriedade melhora e amplia sua produção a partir de uma tecnologia tão simples como uma cisterna de produção, abastecida com água de chuva. Eles ainda acrescentam que seria muito bom se outras propriedades do sertão tivessem a mesma oportunidade de experimentar os benefícios dessa tecnologia que melhora bastante o padrão de vida das famílias no Semiárido.