Entrevista: Roberto Marinho
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A oitava edição da Semana do Meio Ambiente (Semeia) do Sertão do Pajeú irá acontecer juntamente com a I Feira de Economia Solidária do Sertão do Pajeú. A junção destes dois eventos suscita uma discussão repleta de questionamentos.
Muitos consideram o capitalismo o principal entrave da sustentabilidade do meio ambiente. Em meio às crises, inclusive ambiental, estaria este modelo de desenvolvimento com os dias contados? A economia popular solidária há algum tempo vem organizando a forma de relacionamento e desenvolvimento de diversos grupos. Esse modelo pode ser considerado uma alternativa de desenvolvimento sustentável para o futuro?
Para aprofundar a questão entrevistamos Roberto Marinho – Diretor do Departamento de Estudos e Divulgação da Secretaria Nacional de Economia Solidária. Durante a conversa ele traz reflexões quanto à perspectiva da economia solidária se consolidar como alternativa viável ao desenvolvimento e sustentabilidade ambiental. Confira a entrevista!
Roberto Marinho Alves da Silva é Graduado em Filosofia Licenciatura Plena pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (1989), mestre em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco (1999) e doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (2006). É autor do livro “Entre o Combate à Seca e a Convivência com o Semi-Árido: transições paradigmáticas e sustentabilidade do desenvolvimento”. Foi Supervisor da Equipe Técnica do Serviço de Assistência Rural (1987 – 1994). É Professor Adjunto da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (1994 até o momento). Foi Coordenador Geral de Estudos (2003 – 2007) e atualmente exerce a função de Diretor do Departamento de Estudos e Divulgação da Secretaria Nacional de Economia Solidária.
Diaconia – Diante dos debates acerca da escassez dos recursos naturais, como o Sr. avalia o desempenho do capitalismo?
Roberto Marinho – O capitalismo é um sistema assentado sobre algumas premissas. Tem por finalidade o constante aumento das riquezas com base na produtividade, competividade e maximização dos lucros. Esse processo tem uma base ideológica: progresso científico e tecnológico e crescimento econômico como bases e condições para a felicidade. A base material é a industrialização (produção em massa). A visão da natureza é de uma fonte inesgotável de recursos. O seu funcionamento é orientado pela economia de mercado, pelo valor de troca, que leva à mercantilização de todos os bens materiais e imateriais. Do ponto de vista econômico, o progresso, enquanto paradigma que orienta a civilização ocidental moderna tem um significado
pragmático: o aumento constante da produção de riquezas com a utilização mais eficiente das capacidades humanas e dos bens naturais disponíveis para a satisfação de necessidades, a realização de desejos e a viabilização do bem-estar. Essas bases do capitalismo estão, de certa forma, sendo questionadas na atualidade diante da recente crise mundial financeira, do agravamento da crise social (mais de um bilhão de pessoas passam fome) e, sobretudo, diante da recente crise ecológica expressa nos desastres ambientais e na consciê