O desmatamento no semiárido nordestino
A exemplo do que acontece com a cobertura vegetal de outras regiões – floresta amazônica na região Norte e cerrado no Centro-Oeste — a caatinga do Nordeste vem sofrendo a ação devastadora do homem, que utiliza-se de sua vegetação nativa como fonte de energia para várias atividades produtivas.
Considerada como uma vegetação típica da região Semiárida nordestina, a caatinga é constituída “por plantas com folhas pequenas, às vezes transformadas em espinhos, casca grossa, formação de uma camada de cera e raízes com capacidade de armazenar água”. Poder-se-ia dizer tratar-se de uma arborização frágil, em função do baixo porte de suas árvores e da pouca espessura de seus trocos e galhos. Porém, só a capacidade de armazenamento d’água dessas plantas, num ecossistema que quase não chove, mostra a sua importância e adaptabilidade a uma região inóspita.
Assim, não é de hoje que governos e entidades da sociedade civil manifestam a sua intenção em estabelecer programas de contenção do desmatamento e da conseqüente desertificação que ocorre em diversas áreas do espaço nordestino, sobretudo por se tratar de áreas susceptíveis às mudanças climáticas. A primeira tentativa estruturada nesse sentido, ocorreu em 2004 quando o governo federal lançou o PAN/Brasil – Programa de Ação de Combate à Desertificação, propiciando a que os estados também criassem seus Planos Estaduais de Enfrentamento da Desertificação.
Porém, nem tudo funcionou conforme o figurino. Apesar do baixo comprometimento dos governos (federal, estaduais e municipais) na implementação de ações mais concretas, talvez possamos considerar que a grande contribuição desse programa tenha sido o reconhecimento da necessidade de se propor medidas para impedir o avanço dos núcleos de desertificação, entendidos como “áreas onde a degradação da cobertura vegetal e do solo alcançou uma condição de irreversibilidade, apresentando-se como pequenos desertos já definitivamente implantados”.
No Nordeste esses núcleos estão localizados em seis estados: Gilbuês no Piaui; Inhamuns no Ceará; Cariris Velho na Paraíba; Sertão Central em Pernambuco; Sertão do São Francisco na Bahia e Seridó no R. G. Norte. No RN, o núcleo de desertificação atinge os municípios de Caicó, Currais Novos, São J. Seridó, Carnaúba dos Dantas, Parelhas, Cruzeta, Acari e Equador. Para os especialistas, o problema tem origem em dois aspectos: a vulnerabilidade natural do ecossistema devido a incidência do sol e a precipitação irregular das chuvas, e a ação do homem onde se insere o desmatamento.
Pesquisa realizada pela ADESE – Agência de Desenvolvimento do Seridó em 2007, sob o título “Uso da Lenha nas Atividades Agroindustriais do Território Seridó” identificou 17 atividades agroindustriais que se utilizavam da vegetação nativa ou exótica como sua principal fonte de energia. Em conjunto, essas atividades consumiam 32.625 metros/estéreos mensais de lenha ou 391.500 metros/ano, o equivalente ao desmatamento anual de uma área de 4