Famílias marcham em defesa de suas sementes da paixão

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Durante os dias 18 e 19 de março, agricultoras e agricultores do litoral ao sertão da Paraíba se uniram para debater e manifestar sua luta em defesa da preservação de suas sementes crioulas, patrimônio genético e cultural da agricultura familiar.
 
No primeiro dia, em Lagoa Seca, foi realizado o Encontro Estadual de Agricultores e Agricultoras Guardiões das Sementes Crioulas, com cerca de 150 participantes de todas as microrregiões paraibanas. Ora por meio de místicas, músicas e poesia, ora por meio de debates e exposições orais de organizações presentes, variados temas foram abordados, com destaque para o risco dos agrotóxicos, a ameaça dos transgênicos e a reivindicação do respeito ao modo de vida e produção camponesa.

Uma mesa, composta por representantes de instituições assessoras (AS-PTA e Patac) e órgãos governamentais (Ministério do Desenvolvimento Agrário e Embrapa), iniciou os debates. Emanuel Dias, engenheiro agrônomo do Patac, começou falando sobre o programa do governo de distribuição de sementes no Semiárido e apontou como falha o fato de oferecer apenas uma variedade de milho. Já as famílias agricultoras, em compensação, conservam uma grande biodiversidade por meio de bancos de sementes familiares ou comunitários.

O representante da Embrapa reforçou o argumento ao mostrar resultados de estudos que apontam a superioridade do rendimento de algumas sementes tradicionais em comparação com a variedade distribuída pelo governo. O representante do MDA chamou a atenção para a importância de também preservar variedades de criações, uma vez que houve diminuição de raças crioulas de galinhas na região.

Após a exposição da mesa, Luciano Silveira, da AS-PTA, colocou alguns pontos-chaves sobre a questão: para que as variedades crioulas sejam conservadas, é preciso garantir maior participação e autonomia dos agricultores, que hoje se deparam com preços altos de sementes das empresas, acesso restrito e precário a mercados para venda de sua produção e pouca incidência sobre os órgãos do governo e políticas públicas. “Felizmente, os agricultores começam a questionar esse quadro e propor estratégias para a reprodução da agricultura familiar camponesa e agroecológica”.

À tarde, outra mesa foi organizada para a exposição sobre como a liberação das sementes transgênicas pode afetar a realidade de agricultores de todo o País. Gabriel Fernandes, assessor técnico da AS-PTA, falou do alto risco de contaminação das sementes crioulas, principalmente as de milho. Além disso, alertou para o fato de que o mercado de variedades transgênicas está na mão de apenas cinco multinacionais, o que submete os agricultores aos altos preços estipulados por essas companhias. Ele ainda advertiu para o risco à saúde dos consumidores: Segundo pesquisas realizadas em outros países, ficou comprovado que os efeitos, como doenças alérgicas e infertilidade, começam a aparecer na 3ª geração de vida. E o pior é que está em trâmite a retirada da rotulagem de alimentos que contêm substâncias transg&ec

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