Modelos de desenvolvimento são temas de plenária no EnconASA
A manhã do segundo dia (23) do VII Encontro Nacional da ASA tratou de abordagens e concepções de desenvolvimento e dos modelos que permeiam a sociedade neste momento em que várias crises emergem. O debate se deu a partir de três momentos: uma apresentação do grupo de teatro Carranca, a fila do povo ou púlpito e um seminário com o tema Modelo de Desenvolvimento nos Contextos da Crise.
Antes do início da plenária, a recepção e a animação dos participantes ficou por conta da banda Fé e Axé, que lembrou dos companheiros de luta da ASA que faleceram. Para dar início ao debate do dia, o grupo popular de teatro Carranca, de Juazeiro, apresentou a peça “O Princípio de Tudo”, em que os personagens promovem uma viagem histórica, retratando a relação dos homens entre si e com a natureza. A peça abordou, principalmente, as relações econômicas, mas, trouxe como pano de fundo temas como as relações de gênero e as políticas de desenvolvimento capitalistas em detrimento da agricultura familiar.
Após a apresentação teatral, a plenária foi convidada para colocar suas percepções e sentimentos em relação às temáticas apresentadas na peça, através da chamada “Fila do Povo”. Neste momento, foram levantadas questões como a necessidade de se trabalhar os temas de forma lúdica e a preocupação de incentivar iniciativas que busquem a valorização e o resgate cultural. Os participantes também falaram das contribuições da ASA na construção de uma nova concepção para o Semiárido, baseado na convivência com a região.
Dentro desta perspectiva, foram destacados elementos como: o respeito à terra, projetos partindo da realidade da comunidade, a valorização pelas culturas de produção, o cultivo das sementes crioulas, entre outros. Esses elementos estão presentes na fala de Dona Rita de Cássia, de Pernambuco. “Na nossa produção podemos confiar. É melhor plantar pouco sem veneno, do que plantar muito e prejudicar a nossa saúde”, afirma.
Dando continuidade ao debate foram convidados Roberto Malvezzi, o Gogó, da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Roberto Marinho, da Secretaria Nacional de Economia Popular Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Roberto Malvezzi iniciou sua exposição com um histórico das lutas sociais que deram inicio à ASA e colocou como meio de apropriação e poder o controle sobre a terra e sobre a água, demonstrando como o modelo de desenvolvimento vigente se apropria destes elementos na dominação e manutenção do poder. Também colocou o quanto é relevante o trabalho dos movimentos populares em promover aos agricultores e agricultoras instrumentos para se apropriarem deste debate, inclusive o da soberania energética.
Já Roberto Marinho centrou sua exposição nas contradições presentes no modelo atual, nomeando as várias crises (econômica, ambiental, social) como uma “Crise Ideológica” ou “Crise da Modernidade”, que precisa ser trabalhada através do incentivo ao debate político. Neste sentido, ele coloca como uma oportunidade proporcionada pela crise a chance de contribuir e estimular debates na perspectiva de se construi