Ação busca estimular plantio de umbuzeiros no Sertão
Agricultores familiares de nove municípios sertanejos – cinco em Pernambuco e quatro na Bahia – devem ser contemplados com a implantação de mudas de umbuzeiro em suas propriedades. A ação faz parte do projeto “Enriquecimento da caatinga com umbuzeiro gigante”, desenvolvido pela Embrapa Semi-Árido em Petrolina, sertão do Estado.
Os recursos são do Programa de Fortalecimento e Crescimento da Embrapa. De um total de cinco mil mudas, 70% já foram direcionados para propriedades rurais em Afrânio, Dormentes, Ouricuri, Petrolina e Lagoa Grande; além de Juazeiro, Curaçá, Uauá e Canudos, na Bahia.
O projeto prevê ainda a construção de cercas para isolamento da área onde são implantadas as mudas de umbuzeiro. A medida se faz necessária porque as plantas são colocadas em trilhas abertas da caatinga e o sabor de galhos e folhas atrai caprinos e ovinos, animais que facilmente devoram as plantas no estágio inicial de crescimento.
“Estas ações têm entre suas finalidades avaliar a melhor forma de implantar as mudas e estimular os agricultores o cultivo como forma de reverter a devastação dessa fruteira nativa em locais do Sertão”, explica o agrônomo e pesquisador da Embrapa Semi-Árido, Francisco Pinheiro. Segundo ele, os benefícios não são apenas ambientais. “Os agricultores podem ficar preparados para organizar novos negócios em torno da cultura do umbuzeiro”, diz.
Segundo o pesquisador, a densidade de pés de umbu nas áreas de execução do projeto deve chegar a 50 plantas por hectare de clones enxertados e selecionados para fruto com peso (80 a 100 gramas). “Quatro vezes maior que o padrão coletado nas plantas de ocorrência espontânea na caatinga, entre 18 e 20 gramas”.
Durante as experiências para avaliar o cultivo da espécie a partir de mudas enxertadas, com área desmatada, os pés produziram frutos a partir do quinto ano de plantio. Mas, em geral, de maneira espontânea na natureza, o pé de umbu leva entre 15 e 20 anos para produzir frutos. A perspectiva é de que os produtores envolvidos no projeto possam colher até quatro toneladas de frutos por safra. “Mesmo in natura, uma quantia dessa comercializada gera uma renda considerável para os agricultores familiares”, observa Pinheiro.
Para o pesquisador, um dos grandes objetivos do projeto é possibilitar o acesso a novas fontes de economia, geração de emprego e renda, a partir da fruticultura de sequeiro, a exemplo do que acontece nos municípios baianos de Uauá, Curaçá e Canudos. Através da Cooperativa Agropecuária Familiar(Coopercuc), produtores da área já comercializam e exportam derivados do umbu como geléias, doces em compotas, entre outros