Paixão pelas sementes tradicionais é motivo de festa na Paraíba
Mais de 1.400 pessoas são esperadas para a quinta edição da Festa Estadual da Semente da Paixão, que será realizada nos dias 18 e 19 de março. Com o tema Guardiões da semente da paixão: em defesa da agricultura familiar camponesa, o evento, organizado pelas entidades que compõem a Articulação do Semiárido Paraibano (ASA-PB), reunirá agricultores e agricultoras de todas as microrregiões da Paraíba: Alto e Médio Sertão, Curimataú, Cariri, Agreste e Litoral.
A ocasião é de resgate e valorização da importante contribuição das famílias camponesas para a diversidade das sementes, moedas de um patrimônio genético que por séculos foi cultivado, selecionado, aprimorado e ajustado às realidades ecológicas locais e às preferências culturais. A festa é o momento de reverenciar esse incessante processo de estudo e seleção, que concede autonomia às famílias no uso de suas sementes, na produção de alimentos e na geração de riquezas.
A realização da festa é ainda de enorme relevância em função da atual conjuntura, em que os riscos de contaminação e de erosão genética desse patrimônio aumentam, seja pela liberação de variedades comerciais de milho e de algodão transgênicos ou pela distribuição de poucas variedades de sementes pelos programas governamentais, o que gera a indesejável homogeneização.
Foi diante desse contexto que a ASA Paraíba decidiu dividir o encontro em dois momentos. No primeiro dia, 18, em Lagoa Seca, cerca de 200 agricultoras e agricultores participarão de uma oficina de formação, que tem como objetivo abrir um espaço para a construção coletiva de uma crítica ao conjunto de forças e fatores que ameaçam a agrobiodiversidade e a autonomia das famílias agricultoras. Nesta edição, o foco será os efeitos da introdução dos transgênicos no mundo e no Brasil, com ênfase no impacto sobre o Semiárido. Por meio de um mapeamento do trabalho realizado junto às famílias guardiãs das sementes, será feita uma avaliação e seleção das melhores variedades locais de milho.
Também será tema de debate e reflexão o conjunto das políticas de sementes incidentes sobre o Semiárido. A ideia é elaborar estratégias comuns para enfrentar essas ameaças a partir de trabalhos em grupos representando cada região. Ao final, os grupos socializarão as propostas que servirão de base para definir prioridades para 2010.
Para o coordenador da AS-PTA na Paraíba, Luciano Silveira, a importância de momentos como esse “é fazer com que as famílias agricultoras resgatem e valorizem seu papel de guardiãs de um vasto patrimônio genético, que está sendo ameaçado por uma campanha para a disseminação de variedades transgênicas no País. Ao optarem por práticas agroecológicas e de preservação das sementes tradicionais, essas famílias formam um movimento de resistência em defesa da agricultura familiar camponesa, que luta por um modelo de desenvolvimento mais justo e ambientalmente sustentável”, afirma. “Prova disso, é o número de