Diversidade genética de melancia é alta no Sertão

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A maior variabilidade genética de uma espécie está no lugar de onde ela se origina. No caso da melancia, a África. Pesquisadores brasileiros, no entanto, identificaram no Semiárido, onde a planta foi introduzida durante a colonização, centro secundário de diversificação de genes da espécie. Equipe da Embrapa em Petrolina, Sertão, já catalogou na região 843 registros de melancieiras com características como tamanho, cor da polpa e teor de açúcar distintas.

As amostras fazem parte do banco de Germoplasma de Cucurbitáceas do Nordeste. Cucurbitáceas é o nome da família botânica à qual também pertencem o melão, maxixe, jerimum, abóbora, abobrinha, cabaça, pepino e bucha. O banco conta também com 27 amostras de melancia forrageira (destinada à alimentação animal), 643 de jerimum de leite (ou abóbora), 187 de jerimum caboclo, 146 de maxixe e uma de cabaça.

Para quem confunde jerimum e abóbora, a diferença está no tamanho e na cor do fruto. Enquanto o do primeiro é menor, tem a casca verde, polpa mais clara e sementes sempre brancas, o do outro possui o miolo alaranjado e é maior. A abóbora também é chamada de jerimum-de-leite.

A coordenadora do trabalho, Rita Dias, explica que coleções desse tipo são importantes para pesquisas genéticas. “Há genes de resistência a doenças ou ainda os que podem ser usados para a obtenção de um fruto maior e mais doce.”

As sementes do banco de germoplasma, com duas mil amostras, foram coletadas entre 1987 e 2009 em 11 Estados: Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Norte, Piauí, Paraíba, Sergipe, Minas Gerais, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Sul e Roraima. Além das que ficam em ambientes sob refrigeração, a Embrapa mantém plantação com as variedades de cucurbitáceas.

O banco começou a ser montado em 1987, pelo agrônomo Manoel Abílio de Queiroz, hoje aposentado. A maioria das amostras foi obtida de produtores rurais. “Coletamos em feiras livres e centros de distribuição, além de recebermos entregas voluntárias.”

As mudanças climáticas, informa a agrônoma, são outra linha de pesquisa à qual um banco de germoplasma se destina. É que há variedades de plantas mais resistentes que outras ao aumento da temperatura e ao chamado estresse hídrico, associado à baixa pluviosidade, característica do Semiárido.

O banco de germoplasma da Embrapa se destina ao armazenamento das sementes de cucurbitáceas a médio prazo. Isso significa que a empresa terá o patrimônio genético das variedades caboclas, ou seja, adaptadas ao Semiárido, por décadas.

Cada semente é cultivada em casa de vegetação, para que frutifique e os pesquisadores possam coletar sementes livres de impurezas. Assim como o de outras hortaliças, o ciclo das cucurbitáceas é curto, variando de 70 a 120 dias.

Alogâmicas, isto é, dependentes de agentes externos para a fecundação, essas plantas são isoladas durante o processo. É que abelhas podem fazer cruzamento indesejado. Os pesquisadores usam cotonete para levar o pólen da flor

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