Previsão do inverno

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As chuvas deste ano não deverão repetir os níveis pluviométricos do ano passado, segundo o primeiro prognóstico da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). As projeções estatísticas indicam para os meses de fevereiro, março e abril o volume de chuvas 45% abaixo da média anual, de 630 milímetros, exatamente quando ocorre a época do plantio no Ceará.

Nem todos os fenômenos da Natureza são projetados com certeza, especialmente porque eles são imprevisíveis e incontroláveis. Nessa ordem, não há, por enquanto, no arsenal científico utilizado pelo ser humano, condições de prever os terremotos e irrupções vulcânicas. No campo da pluviometria, houve conquistas relevantes, mas, ainda assim, as condições climatológicas, imprescindíveis à generalização do período das chuvas, são por demais relativas.

A média pluviométrica dos últimos 30 anos, para o período de fevereiro a maio, observa uma variedade muito grande. Nestas três décadas, só houve dois anos de chuvas abundantes: em 1985, com estação chuvosa de 1.240 milímetros e, em 2009, com 1.000 milímetros. Como a sequência das chuvas, ao longo destes anos, registrou volume variando entre 500 e 800 milímetros, os dois anos com chuva em excesso resultaram em inundações, redução da safra agrícola, destruição de açudes e outras fontes de captação de água de qualidade.

Para o Ceará, a experiência tem demonstrado ser o inverno ideal aquele marcado pelo ciclo equilibrado de chuvas, portanto, sem veranicos e distribuição pontual no tempo e no espaço. O essencial para a produção do campo não é a chuva em excesso, mas sua constância no tempo oportuno. Essa tendência nem sempre se observa na região.

De todo modo, como as chuvas condicionam até o comportamento do nordestino, mesmo que elas venham em abundância são bem recebidas. Daí por que o prenúncio de menor quantidade no volume pluviométrico deste ano, em relação a 2009, desencadeia no habitante do semiárido a expectativa de dias sem fartura e, por consequência, de risco de fome, de miséria secular.

Isso porque, nem o inverno de 1.000 milímetros, elevando as reservas hídricas acumuladas em seu território em 78%, foi capaz de suprir as carências de todas as regiões do Ceará. No meio do ano, a falta de água em algumas zonas agrícolas tornava crítico o suprimento humano e animal. Pelo menos, 60 municípios necessitaram do abastecimento inadequado feito por carro-pipa. Nem assim, conseguiram prover, adequadamente, os grupos populacionais isolados no sertão.

Dispondo da maior rede de açudes públicos do Nordeste e do maior volume de água armazenada consumida pelo sol, o Ceará não foi capaz, ainda, de colocar em prática soluções eficazes para suprir os rincões com água de qualidade. Depois de 100 anos de realizações do Dnocs para mitigar a sede do nordestino, perduram situações inaceitáveis diante de tecnologias avançadas na captação, adução e suprimento de água tratada. A Ciência avançou<

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