De braços abertos para a chuva

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Quem chega ao Sítio Açaí, na Zona Rural de Poção, no Agreste do estado, já percebe uma mudança na paisagem. Parte do terreno de mais de seis hectares é ocupado hoje por uma área extensa e cimentada de 200 metros quadrados. Uma obra que parece esquisita aos olhos do morador da cidade grande, mas que vai ajudar o dono daquela terra a conquistar a sua independência financeira, garantindo a alimentação de sua família. Trata-se de uma das 12 cisternas tipo calçadão que estão sendo construídas no município e prometem transformar a vida de pequenos agricultores.

Gente como José João da Silva, 42 anos, que viu no equipamento uma esperança para poder plantar e colher bons lucros com o negócio. Ele é um dos 60 beneficiados com o programa Uma Terra, Duas Águas, desenvolvido com apoio da Diocese de Pesqueira e a Articulação do Semi-Árido Brasileiro. No projeto, as verduras e frutas cultivadas pelos agricultores terão destino certo: a merenda escolar.

O trabalho estásendo realizado em duas comunidades, nos sítios Açaí e Chorador. Mas para ter uma cisterna tipo calçadão, a propriedade precisa ser enladeirada. Os 200 metros quadrados de área são cimentados num terreno semiplano e em declive, facilitando o acúmulo da água da chuva. As cisternas têm capacidade para armazenar até 53 mil litros de água, o que garantirá a irrigação da produção dos agricultores durante o período de seca.

O agricultor José João conta que resolveu apostar no equipamento para investir na plantação de verduras e frutas. “Já planto feijão, milho e mandioca. Mas tinha dificuldade para irrigar a roça. Para facilitar, trabalho com o sistema de sequeiro, mas não dá para fazer muita coisa”, explica. Com a nova cisterna, José João acredita que poderá ampliar o plantio. A mulher dele, a dona de casa Maria Verônica de Espíndola, 35, não para de olhar para o céu esperando a chuva. “Será um sonho. A gente continuar plantando e poder criar os nossos filhos aqui, sem buscar emprego na cidade”, diz a mulher, queé mãe de dois filhos pequenos.

Construídas com o apoio do Ministério de Desenvolvimento, através da Secretaria Nacional de Segurança Alimentar, o modelo promete uma renda de R$ 4,5 mil por ano para cada agricultor, uma média de um salário mínimo mensal. “A dificuldade para plantar aqui é exatamente a falta de água”, afirma o coordenador do Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentável, Severino de Freitas Oliveira. Segundo ele, a maioria dos agricultores da região trabalha com a roça. Poucos têm gado no pasto. “Com a água, eles irão ter a garantia de que o plantio vingará. Depois, vamos vender a plantação para a merenda escolar e assim fazer com que os trabalhadores tenham uma fonte de renda fixa”, esclarece Oliveira.

O trabalho é árduo e cansativo. Com a enxada, embaixo do sol escaldante, eles não param. Em média, o homem da região fatura uma média de R$ 10 a R$ 15, por dia de serviço. “Quem ganha mesmo é o atravessador”, comenta Severino de Freitas Oliveira. O projeto será estendido até julho do próximo ano, quando os coordenadores acreditam que os agricultores ter&atild

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