Sustentabilidade no semiárido
Fortaleza. Como recuperar áreas degradadas de forma a restabelecer a biodiversidade local e evitar o risco de erosão de forma segura e com baixo custo? Este é o desafio enfrentado pelo grupo de pesquisa e extensão Manejo de Água e Solo no Semiárido (Massa). O grupo é composto por pesquisadores e estudantes das áreas de Engenharia Agrícola e Recursos Naturais da Universidade Federal do Ceará (UFC) e do Instituto Federal do Ceará (IFCE) Campus de Iguatu), que busca trabalhar um modelo de exploração do capital natural de forma sustentável no semiárido cearense.
Os estudos realizados pelo grupo visam o reflorestamento da mata ciliar a partir da serrapilheira, a fim de conhecer a capacidade de suporte do substrato produzido pelo bioma Caatinga na recuperação de áreas degradadas. O trabalho para verificar a viabilidade do processo está sendo feito em áreas degradadas localizadas em Iguatu e General Sampaio, e tem apoio de instituições como a Embrapa Agroindústria Tropical, Prefeitura de General Sampaio e Área de Preservação Ambiental (APA) Elias Andrade.
A serrapilheira é uma camada de substrato que recobre o solo da mata, composto por uma mistura de terra, sementes, folhas e galhos de árvores, entre outros materiais. Serve como um adubo natural que renova a fertilidade do solo e, com isso, o ciclo de vida da fauna e da flora desses ecossistemas. O trabalho dos pesquisadores é fazer a transferência de substrato retirado de áreas de Caatinga para locais onde ocorreu degradação ambiental, permitindo que a natureza se recomponha naturalmente. Além disso, eles fazem o monitoramento das mudanças que ocorrem no local que recebeu o estrato arbóreo e herbáceo, a fim de verificar se a transferência gerou o crescimento de novas espécies.
A área experimental será composta por quatro micro-bacias da região da Caatinga localizadas em Iguatu e uma em General Sampaio. Para Eunice Maia de Andrade, professora do Departamento de Engenharia Agrícola da UFC e coordenadora da pesquisa, a ideia é definir um novo modelo de recuperação de áreas degradadas, sem definir o que vai crescer ali e sem restrições à biodiversidade.
“Muitas vezes a recuperação dessas áreas é feita de forma controlada ou até com espécies exóticas, que neste caso não é uma boa alternativa. O diferencial deste processo é que, diferente de um reflorestamento controlado, em que se escolhe um número limitado de espécies que vai passar a ocupar a área, o material que a serrapilheira traz é aleatório e possui maior variedade de espécies. Outro ponto importante é que procuramos colher o substrato de áreas o mais próximas possíveis às degradadas, de forma que o que vai crescer ali seja compatível com a flora da região”, argumenta.
Em princípio, a ideia pode até parecer simples, mas é necessário um trabalho cuidadoso e demorado por parte do grupo de pesquisa, que tem apoio e financiamento do CNPq. Segundo ela, os pesquisadores buscam precisar o quanto se pode tirar de serrapilheira sem comprometer a cobertura do local de origem (que podem ser matas e áreas de preservação ambiental) e, por sua vez, o quanto se deve colocar no local degradado para que possa ser recuperado. “O trabalho vem mostrando que a serrapilhei