Copenhague vira mancha no calendário

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Copenhague – A maior reunião diplomática da história, a 15ª Conferência do Clima (COP-15), terminou ontem à noite com um acordo pífio, que não prevê metas obrigatórias de redução de emissões de CO2 até 2020. O texto final traz apenas um mecanismo de financiamento para ações de combate ao aquecimento global e um compromisso de impedir a elevação da temperatura em 2°C, sem dizer claramente como isso será cumprido. Depois de duas semanas de negociações e muita expectativa, a cúpula das Nações Unidas em Copenhague foi considerada um fracasso.

O acordo político foi fechado depois de 23 horas (horário da Dinamarca) pelos líderes dos Estados Unidos, União Europeia, China, Índia, Brasil e África do Sul. Presentes em massa, 193 chefes de Estado e de Governo tentaram em vão um compromisso que equacionaria as disputas técnicas em torno de dois objetivos: prorrogar o Protocolo de Kyoto até 2020, limitando as emissões de CO2, e incluir os EUA em um tratado internacional.

O cenário do fracasso começou a se desenhar na noite de quinta-feira, quando uma reunião de 33 líderes políticos acabou sem avanços. Na volta ao hotel, em plena madrugada, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, revelou o grau de desacordo: “Estou rindo para não chorar”. Pela manhã, a tensão era nítida no centro de conferências. O consenso se anunciava impossível porque os EUA condicionavam um acordo à criação de um mecanismo internacional de verificação das ações ambientais em países em desenvolvimento. A China não aceitou o debate.

Frustração – Para desatar o nó, um novo texto-base para um acordo de Copenhague foi proposto às 7h de ontem pelo governo anfitrião, sepultando as chances de um tratado climático ambicioso. Três horas depois, na plenária de líderes, Lula começou um pronunciamento contundente – e muito elogiado – dizendo-se “frustrado”.

A sensação de fracasso foi ampliada quando o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, tomou a palavra, mas não anunciou evolução em sua posição. O impasse intransponível se desenhou. A reunião foiinterrompida e substituída por um novo encontro dos 33 países mais influentes nas negociações, entre eles o Brasil. Resultado: nova decepção.

Ao longo do dia, rascunhos de declarações provisórias chegavam a todo momento às mãos de representantes de ONGs e jornalistas, revelando a crônica do regresso do acordo climático. Às 16h30, um quinto documento fixava um compromisso global de redução das emissões para 2050 em 50% – um cenário pífio.

Costurando um entendimento, Lula se reuniu com líderes como Obama, Wen Jiabao, premiê da China, Nicolas Sarkozy, presidente da França, e Angela Merkel, chanceler da Alemanha, sem sucesso. Às 17h30, o brasileiro convocou a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o diretor do Departamento de Meio Ambiente do Itamaraty, Luiz Alberto Figueiredo, e alguns negociadores. “Ninguém vai embora. Vamos continuar negociando até um acordo”, disse o presidente, segundo um diplomata.

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