Vítimas da seca
A estiagem está afetando dezenas de município do Ceará. Em muitas comunidades, o abastecimento é feito por carros-pipas. Quem não recebe a ajuda, precisa caminhar muito em busca de um açude.
É com a água do poço e com muito esforço que Israel, de 15 anos, mantém a família abastecida para lavar roupa e matar a sede dos animais. Onde ele vive, na área rural de Capistrano, a 80 quilômetros de Fortaleza, não tem água encanada porque as casas são espalhadas. Açudes e poços não atendem a todas as necessidades.
Tem sido assim em comunidades de 60 municípios cearenses e 75 do Piauí. Quanto maior o período de estiagem, mais moradores entram na rotina de buscar nos tanques abastecidos pelo carro-pipa.
Em Canindé, o carro-pipa faz até oito viagens por dia do açude até a sede de quem espera na cisterna comunitária.
“Como não tem muitos reservatórios, precisamos desse sistema”, falou a agricultora Clara de Assis.
Em outra comunidade o abastecimento por carro-pipa foi suspenso no ano passado. Desde então os moradores dependem de um açude próximo. Água é colocada na cisterna e várias vezes por dia a funcionária da escola tem que pegar a água na cisterna e levar para dentro. Esta é a única opção para matar a sede de mais de 160 alunos. Mas, ás vezes, não há quem leve água do açude.
“Aí os alunos ficam sem merendar porque não tem água”, contou a auxiliar de serviços Maria Sousa Silva.
Depois de passar o ano todo com esta incerteza, os alunos que tem cisterna em casa levam a própria água. A estudante Jaqueline Ferreira sabe o que pode acontecer se não tomar esta precaução. “Quando eu fico com sede eu não bebo não. Aí eu não merendo”, falou.
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