Copenhague é aqui

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A partir de amanhã, na Dinamarca, chefes de 192 países traçarão planos contra aquecimento global. Ao contrário do que muitos pensam, de lá podem sair definições importantes para cada nordestino

Amanhã, quando os olhos do mundo estarão voltados para Copenhague, a cidade da Dinamarca que receberá a Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, o que estará em jogo é muito mais do que uma discussão diplomática. O que for decidido lá diz respeito diretamente ao que acontece e acontecerá aqui, no nosso quintal. Se os chefes dos 192 países membros da convenção não chegarem a um acordo para frear o aquecimento do planeta, tema central do encontro, é o agricultor que sobrevive do plantio do feijão e milho no Semi-Árido nordestino um dos que mais vai sentir o peso do fracasso do evento. Importantes dados e estudos científicos que serviram de base para os documentos que a delegação do Ministério das Relações Exteriores levará para Copenhague colocam as Regiões Norte e Nordeste no centro das discussões brasileiras sobre o tema.

Uma das principais conclusões da mais recente avaliação sobre os impactos do aquecimento no Brasil reforça o entendimento de que os piores efeitos da mudança do clima recairão sobre as duas regiões mais pobres, acentuando as desigualdades regionais e de renda. O trabalho Economia da Mudança do Clima no Brasil, divulgado há 10 dias e assinado pelas mais respeitadas instituições brasileiras que estudam a questão climática no País, mostra que, em relação ao Nordeste, a elevação da temperatura reduzirá a quantidade de chuvas, o que provocará um grave efeito dominó na região.

“Com menos chuva e mais evaporação, a água que fica no solo será menor. Isso reduzirá a quantidade de terras férteis para a agricultura e para o pastoreio. A lavoura de subsistência seria a mais afetada”, diz o professor Hilton Pinto, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e um dos pesquisadores envolvidos no estudo. Sem alternativa de sobrevivência, as populações do campo serão forçadas a migrar para as áreas urbanas, intensificando um êxodo que é velho conhecido dos nordestinos.

Integrante da delegação brasileira que estará em Copenhague, a pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco Alexandrina Sobreira acredita que essa será a primeira vez que o Semi-Árido poderá ter, do ponto de vista das discussões propostas pelo Brasil, a mesma importância de outros biomas, numa convenção internacional que não trata especificamente de desertificação. “A Amazônia terá uma relevância crucial, mas, diante do impacto que o Semi-Árido sofrerá, acredito que o esforço para incluir essa região nos debates será muito grande”, observa.

Com a experiência de quem já participou de diversas convenções internacionais, ela vê um amadurecimento na preparação do Brasil para participar do encontro na Dinamarca. “Não estamos levando uma agenda amadora. O País chega com muito mais preparo e informação para discutir o tema com a União Europeia, onde essa questão mais avançou.&rd

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